A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A tentativa de recuperação financeira da Languiru, no Vale do Taquari, teve novos desdobramentos. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6), em Teutônia, a diretoria da cooperativa afirmou que a empresa entrou "em processo de liquidação extrajudicial".
A medida, conforme a atual gestão, ocorre para reverter o bloqueio das contas da Languiru, ocorrido na semana passada. A preocupação era que o fato impedisse o pagamento de fornecedores. Um edital foi lançado para convocação de assembleia extraordinária em 10 dias, que vai definir sobre os próximos passos da reestruturação.
Segundo a diretoria da Languiru, a ideia é de que a liquidação extrajudicial seja transitória. Ou seja, o objetivo não é extinguir a empresa, e sim buscar proteção para que a cooperativa consiga manter as suas atividades durante o processo de reestruturação sem novos bloqueios.
No entanto, fontes que tiveram acesso aos autos disseram à coluna que, na verdade, a cooperativa está antecipando os efeitos de uma recuperação judicial. Em tese, o recurso não é cabível a cooperativas, mas depende da avaliação da Justiça. O “tumulto”, segundo as fontes, gera incerteza aos credores.
Paulo Roberto Birck, presidente da cooperativa, disse que o momento é "muito delicado" e que as tratativas são necessárias para resguardar o patrimônio. Birck falou à impresa ao lado do vice, Fábio Secchi, e do advogado Evandro Weisheimer.
— A situação não permite contratação de mais crédito, temos o caixa zerado e começou na semana passada uma série de decisões de bloqueio de contas bancárias, nos impossibilitando de operar. As decisões firmadas estão preocupadas com honrar os pagamentos em dia — afirmou Birck, que está há 60 dias no comando da cooperativa.
— Entramos na fase jurídica para criar um ambiente seguro de negócios. O clima instável afasta a possibilidade novos negócios e a medida cautelar traz esse ambiente seguro. A Languiru é rentável e capaz de gerar resultados. Contudo, precisamos fazer caixa para manter as operações e dar continuidade — acrescentou o vice-presidente Fábio Secchi.
Desde que estourou a crise financeira da cooperativa, a Languiru vem abrindo mão de alguns negócios para conseguir equilibrar as contas. Para isso, se desfez de ativos como farmácias, postos de gasolina e supermercados, "que despendem mais energia", segundo o presidente, a fim de concentrar esforços nos negócios considerados mais rentáveis.