Depois de formalizar publicamente o protocolo de intenções com empresas chinesas, a Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, deu início à rodada de detalhamento das propostas de reestruturação. Diante de uma crise, tem costurado parcerias na tentativa de equilibrar as contas. A preocupação com o futuro da cooperativa tem proporção direta com a sua envergadura. Com 5.709 associados, atua em diferentes ramos agropecuários e que até novembro do ano passado, somava R$ 2,5 bilhões de faturamento.
Na manhã desta segunda-feira (27), a reunião foi com produtores de aves. À tarde, com integrados de suínos. Na terça (28) será a vez dos que atuam no segmento de leite. Já os pecuaristas de bovinos de corte e agricultores de grãos podem participar em qualquer um desses momentos. A cooperativa emitiu um comunicado (leia abaixo) no qual rebate o que classifica como "informações distorcidas, opiniões mentirosas e caluniosas". Ressalta que até o momento vinha se mantendo "em silêncio em observância à cláusula de confidencialidade que envolve os negócios".
E segue explicando que as reuniões prévias têm como papel detalhar aos associados as propostas, reforçando que "até o momento nada foi vendido".
Na assembleia marcada para quinta-feira (30), um dos itens previstos na pauta é a autorização para "aquisição, compra, recebimento em doação, venda, alienação e oneração a qualquer título, de bens móveis e imóveis".
Os encontros prévios e a assembleia estão sendo acompanhados por representantes da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS) e pela Ocergs/Sescoop. Diretor-executivo da Fecoagro, Sérgio Feltraco diz que a instituição mantém o foco nas ações que "mitiguem prejuízos aos cooperados e que os mantenham nas atividades hoje presentes em suas estruturas de produção (aves, suínos, leite, grãos)". Ele explica que o quadro de dificuldades no setor de proteína animal fez com que fossem emitidos, via programa de avaliação de desempenho, junto com o Sistema OCERGS, sobre "a necessidade de observância e procedimentos a serem destinados à estrutura de capital da cooperativa". Pondera, no entanto, que as entidades não têm poder de interferência no processo de autogestão assegurado pelas normas do cooperativismo.
Na semana passada, logo depois do anúncio do protocolo de intenções com as chinesas ITG e IJJT, uma liminar foi obtida na Justiça, impedindo a venda de ativos da Languiru sem a aprovação dos associados em Assembleia. As dívidas da cooperativa estão estimadas em R$ 800 milhões.