A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de duas safras frustradas pela estiagem, o Rio Grande do Sul volta a ter potencial de colheita de verão recorde. Com condições de lavouras favoráveis ao desenvolvimento da soja nas regiões produtoras, a expectativa é de que o grão — principal cultura da temporada, supere 23 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2023/2024, estabelecendo nova marca de produção no Estado.
A projeção é da Rede Técnica Cooperativa (RTC/CCGL), elaborada com dados das 21 cooperativas parceiras da rede, e representa quase uma reviravolta para a cultura. As chuvas intensas provocadas pelo El Niño atrasaram o início da semeadura, trazendo incertezas quanto ao desenvolvimento das plantas. A taxa média de replantio, segundo o levantamento, foi de 2,6% nas cooperativas.
O atraso, no entanto, pouco deve impactar no resultado final da produção. Desde o estabelecimento das lavouras, o regime de chuvas vem contribuindo para o bom desenvolvimento da soja. Mas a confirmação das expectativas depende da continuidade deste cenário, lembra o gerente de pesquisa e tecnologia do grupo CCGL e coordenador da RTC, Geomar Corassa. Os meses que se seguem até a colheita são definitivos para isso:
— Temos ainda o mês de fevereiro pela frente, que será bastante importante porque grande parte das lavouras estarão em fase reprodutiva, assim como março será relevante para as plantações tardias.
A projeção atual fala em 3.549 quilos por hectare, uma média equivalente a 59,2 sacos por hectare. As variações nas cooperativas vão foram de 45 a 65 sacos/ha. A área de cultivo projetada pela Conab é de 6,67 milhões de hectares para o Estado nesta safra.
Mudanças de rumo nas projeções podem ocorrer se o quadro climático se encaminhar para uma ausência de chuvas. A sanidade das lavouras é outro ponto de atenção. Há relatos de ferrugem asiática nas plantações, e os modelos de monitoramento mostram que o Estado está com risco bastante alto para a doença, diz Corassa. A orientação é para que os produtores intensifiquem o manejo adequado para evitar prejuízos.
Confirmadas as estimativas fartas, a colheita deve superar marcas anteriores. A última grande safra de soja no RS foi na temporada 2020/2021, quando foram colhidas 20,8 milhões de toneladas.