A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Cultura que tem no Rio Grande do Sul a maior produção nacional, o arroz ganhou espaço em áreas de várzea nesta safra, mas, assim como nos demais cultivos da estação, tem exigido atenção dos produtores em relação ao clima.
A safra iniciou atípica na Fronteira Oeste, maior região produtora do cereal no Estado, quando o déficit de água em meados do ano passado trazia risco para a implementação das lavouras. A partir de outubro, com a intensificação do El Niño, foi o excesso de água que afetou a semeadura, revertendo o cenário de cultivo para outro quadro adverso e afetando todas as regiões produtoras.
Luiz Fernando Siqueira, gerente da Assistência Técnica e Extensão Rural do Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), explica que o atraso no plantio tem respostas agora. Neste momento, 40% das lavouras estão em fase reprodutiva – percentual bem inferior ao do ano passado para esta mesma época do ano.
O ideal é que a fase de desenvolvimento ocorra ao longo do mês de janeiro, pela radiação solar disponível e a temperatura. Mas devido aos atrasos, parte significativa das plantações estarão em fase reprodutiva somente em fevereiro e, outra pequena parte, apenas em março.
— Essas lavouras não sabemos bem certo como vai ser o desenvolvimento delas. Existem indicativos de que pode ter redução nessas áreas, mas ainda não se pode cravar — diz Siqueira.
Segundo o gerente técnico, ainda é cedo para alterar as projeções de safra. O Irga projeta área de cultivo de 902.425 hectares neste ciclo, enquanto a Emater estima produtividade de 8.359 kg/ha no cereal.
— Possivelmente, não vai ser uma supersafra, mas também não será uma terra arrasada. Não significa uma quebra. É uma safra dentro da nossa média — diz o gerente do Irga.
Por enquanto, a boa notícia é que os temporais que atingiram o Estado na última semana não trouxeram grandes danos para o prosseguimento da safra de arroz. Apesar dos registros de granizo em áreas produtoras no Sul e na Campanha, como em Camaquã e em Dom Pedrito, os estragos foram localizados, especialmente porque muitas lavouras encontravam-se em fase vegetativa, quando o impacto costuma ser menor.