A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Faltou, literalmente, clima para que o setor de flores desabrochasse no Estado em 2023. As intempéries afetaram o ânimo de quem compra e de quem produz, fazendo com que a Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori) projete uma redução nas vendas do ano entre 15% e 20%. Nem mesmo o Papai Noel deve salvar a comercialização do período de festas, para a qual também se estima um recuo, entre 5% e 10%.
— Houve uma série de problemas com relação ao clima, a seca no verão, a chuva, o calorão. Ninguém quer plantar e deixar morrer a planta por excesso de água, de sol — pondera o presidente da Aflori, Walter Winge sobre o cenário mais recente que combinou chuva e calor intenso.
Condição que também causou prejuízo nos cultivos. Responsável pelo abastecimento de 40% a 50% da demanda interna de plantas e flores ornamentais, o Estado tem polos de produção em Pareci Novo e Sebastião do Caí, Santa Cruz do Sul, Pelotas e Nova Petrópolis. Todos foram, em alguma medida, afetados pela seca do verão passado e, depois, pela chuva.
O cenário se diferencia, no entanto, do resto do país. Tanto que o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) estima um crescimento de 8% em toda a cadeia produtiva no ano. Segundo o diretor da entidade, Renato Opitz, esse resultado positivo se deve a um movimento do setor de acompanhar o mercado mundial.
— Neste ano, houve mudanças na logística e na comercialização e investimento na qualidade e na sustentabilidade do produto, em embalagens, em novas tecnologias — detalha o dirigente.
Outro fator que estimulou as vendas foi a maior demanda do consumidor, continua Opitz:
— Muita gente está comprando mais plantas e flores, que estão também mais disponíveis. As pessoas mudaram seus hábitos na pandemia, gastaram dinheiro comprando plantas e, com o fim da pandemia, mantiveram o hábito.
Para o Natal, que, junto com o Ano Novo se configura a principal época de vendas do segundo semestre para os floristas, os produtores apostaram nas flores tradicionais, como poinsétias, tuias e antúrios. Também tem se percebido a oferta de outras espécies de flores com coloração vermelha.