A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Já pensou em tomar chimarrão com certificação carbono neutro? Essa pode ser a realidade do tradicional mate dos gaúchos nos próximos anos. O Rio Grande do Sul está implementando seis unidades demonstrativas em dois dos seus polos de produção –Alto Uruguai e Nordeste Gaúcho. A ideia, nesses locais, é medir o balanço das emissões de gases de efeito estufa e comprovar, quantitativamente, a pegada sustentável dos ervais. A iniciativa conta com o apoio da calculadora de carbono recém-lançada pela Embrapa, da Fundação Solidaridad, da Emater e da Associação de Produtores de Erva-Mate de Machadinho (Apromate).
Segundo o coordenador técnico do Programa Gaúcho para a Qualidade e a Valorização da Erva-mate e da Câmara Setorial da Erva-Mate do RS, Ilvandro Barreto de Melo, não existem dados disponíveis sobre o assunto:
– Queremos ter parâmetros para nos dar certeza sobre a emissão e a absorção de carbono da cultura, para então reivindicar certificações e entrar no mercado de carbono.
A previsão é de que os primeiros dados sejam divulgados em janeiro. Batizada Carbon Matte, a calculadora de carbono foi desenvolvida pela Embrapa Florestas e pela Fundação Solidaridad, a partir de trabalhos nos municípios paranaenses de Cruz Machado e Bituruna. A pesquisadora Josiléia Zanatta explica que, além de contabilizar as emissões e os estoques de carbono, a calculadora pode ser um instrumento de gestão, ajudando a corrigir manejos.
Ela acrescenta que a erva-mate é mitigadora, mas faltam comprovações para que seja feita a certificação. A produção de erva-mate está entre as 13 práticas tecnológicas consideradas potencialmente mitigadoras pelo Plano ABC+, do Ministério da Agricultura.
Associada à floresta ombrófila mista, a erva-mate é capaz de mitigar gases e preservar a floresta nativa, de acordo com Josiléia.
— Monitoramentos dessas áreas que a Embrapa Florestas vem fazendo há vários anos demonstraram que o solo florestal absorve metano. As taxas são bastante significativas e variam de cinco a 10 quilos por hectare ao ano. Esse montante, transformado em CO2 equivalente, corresponde à remoção de cerca de 250 quilos de CO2por hectare a cada ano — relata a pesquisadora.