A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Com chegada prevista para esta terça-feira (12), a comitiva oficial da agricultura do Estado volta da COP28, em Dubai, depois de uma semana, com muita bagagem. Além das ações do governo do Estado apresentadas na conferência, traz também oportunidades dentro da área de agricultura de baixo carbono para o Rio Grande do Sul.
Representante da Secretaria da Agricultura na COP28, o coordenador do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+, Jackson Brilhante, avalia como muito positiva a participação gaúcha.
— Estávamos juntos do Ministério da Agricultura, participando de reuniões bilaterais com outras entidades para entender as possibilidades para levar para o Rio Grande do Sul. Foi um contato exploratório — detalha o coordenador do Plano ABC+.
Um desses encontros resultou no contato com o Banco Mundial, que tem apoiado projetos ligados à redução da emissão de metano na agricultura. Na avaliação do coordenador, pode ser uma oportunidade para o governo do Estado.
Outro contato feito foi com a Rede ILPF, formada e co-financiada pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Syngenta e pela Embrapa. Com essa rede, pode ser interessante difundir tecnologias para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta no Estado, diz Brilhante.
O Plano ABC+ também foi detalhado na COP28 em um painel, do qual participou o coordenador da iniciativa no RS e outros palestrantes, como Ratan Lal, vencedor do Nobel da Paz e cientista de solo na Universidade de Ohio. Entre os assuntos, foram apresentadas as metas de redução de emissões do Estado e as tecnologias definidas para isso. Até 2030, o Rio Grande do Sul quer ter uma ampliação de 4,6 milhões de hectares com tecnologias de baixa emissão de carbono.
Na plateia, chamou a atenção a participação de integrantes de um fundo britânico que financia tecnologia de baixo carbono.
— A impressão foi bem positiva. No fim, a COP é o local onde todos os países e diferentes atores estão ali, abertos à discussão para avançar nos termos de mitigação e adaptação — avalia Brilhante.
Também na COP28, a Secretaria da Agricultura e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) entregaram um projeto ao Fundo Verde para o Clima, financiadora de pesquisas. O trabalho é voltado para redução da emissão de gases do efeito estufa nas lavouras de arroz do Sul do Brasil.
A Nota Conceitual do Arroz, documento que embasa o pedido de recursos, foi elaborada pelo Irga e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), com anuência do Ministério da Agricultura. Nele, solicita-se um investimento de 30 milhões de dólares ao fundo.
— A intenção é aplicar os recursos captados no desenvolvimento e transferências de práticas que reduzam a emissão de gases do efeito estufa no sistema de produção em terras baixas, tornando a produção agrícola da Metade Sul do Estado mais resiliente às mudanças climáticas — explica a pesquisadora do Irga, Mara Grohs, que participou da ocasião junto da diretora técnica da autarquia, Flávia Tomita.