Um dia depois da primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), três questões relacionadas ao agronegócio provocaram uma onda de manifestações. Uma das mais fortes veio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A bancada, que reúne deputados e senadores ligados ao setor, pede que as perguntas sejam anuladas e solicita a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências no Congresso.
Por meio de nota, a frente criticou a abordagem “de cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico”. A justificativa para o pedido de anulação vem logo em seguida: conforme o comunicado, “as perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permitem que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”.
São três as questões contestadas: 70, 71 e 89. Essa última traz um texto de revista acadêmica sobre a produção no Cerrado. As críticas partem do argumento de que existem problemas conceituais no material. Ao comentar o tema no programa Conexão Campo Cidade, Marcos Fava Neves, professor da Universidade de São Paulo e da Fundação Getulio Vargas, afirmou que existem “erros conceituais que a revista deveria ter percebido antes de publicar”.
Uma série de entidades emitiu notas em que criticam o conteúdo das questões. Com um trabalho voltado à atualização dos conteúdos vinculados à agropecuária, nos livros didáticos, de forma técnica e científica, a associação civil sem fins lucrativos De Olho No Material Escolar pontuou que a polêmica em torno das questões do Enem “retrata mais uma vez o distanciamento da educação brasileira da realidade do agronegócio atual”.
Completa com a informação de que enviará um ofício à Presidência da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados reforçando “a urgência da interlocução sobre essa situação e a criação de um canal permanente de diálogo com as autoridades que tratam desse e de outros tópicos importantes”.