Com o intuito de esclarecer à sociedade sobre o tamanho, a importância e a qualidade do arroz produzido no Brasil, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) emitiu uma nota pública nesta quinta-feira (25). Era uma resposta à frase dita um dia antes pelo deputado Padre João, de Minas Gerais, durante a sessão de votação de requerimentos na CPI do MST.
“Quero informar ao colega deputado que no almoço de hoje meu cardápio foi arroz. E o agro não produz arroz". A frase provou reação imediata. No vídeo, podem ser ouvidas gargalhadas e também a fala "Tem de ir para o Rio Grande do Sul". Em meio às manifestações, o deputado federal acrescentou: "arroz orgânico".
Presidente da Federarroz-RS, Alexandre Velho explica que o episódio motivou a entidade a dialogar com a sociedade brasileira, explicando a dimensão desse segmento. A produção nacional de arroz gira em torno de 10 milhões de toneladas. O RS responde por uma fatia de cerca de 70%. Na atual safra (22/23), a colheita está estimada em 9,45 milhões de toneladas, conforme a Conab, recuo de 7,8% que tem relação com o quadro de estiagem vivido pelos gaúchos.
— A produção nacional traz segurança alimentar pelo volume produzido. É um país enorme, com população enorme e que tem praticamente autossuficência de arroz. Queríamos trazer um esclarecimento, é uma defesa do setor que garantiu segurança alimentar em época de pandemia — reforçou o presidente da Federarroz-RS sobre o objetivo da nota.
Cerca de 5 mil famílias trabalham no cultivo do cereal no RS. Velho acrescenta que "todos os nichos de mercados são importantes":
— Temos essa consciência e valorizamos todos os tipos de arroz.
Veja o trecho do vídeo com a fala do parlamentar:
Confira a nota na íntegra:
NOTA PÚBLICA SOBRE PRODUÇÃO DE ARROZ
A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul – FEDERARROZ vem a público, tendo em vista declaração de um Deputado Federal em audiência realizada no âmbito do Parlamento Nacional, no sentido de que o “agro não produz arroz”, repudiar e refutar a referida manifestação, na medida em que absolutamente desprovida de qualquer suporte na realidade dos fatos, já que a população brasileira somente pode consumir arroz diariamente em razão do trabalho dos produtores do AGRO do país.
Assim, importante destacar que, das quase dez milhões de toneladas de arroz produzida pelo AGRO BRASILEIRO na Safra 2022/2023, o Estado do Rio Grande do Sul foi responsável por mais de 75% (setenta e cinco por cento) desta produção, tendo plantado aproximadamente 839.000 (oitocentos e trinta e nove mil) hectares, por pequenos, médios e grandes produtores, sendo que, apenas e tão-somente, cerca de 5.000 (cinco mil hectares) foi de arroz orgânico.
Vale ressaltar, ainda, que a lavoura de arroz convencional do Rio Grande do Sul é a principal matriz econômica da Região Sul do Estado, sendo responsável por cerca de 15 empregos a cada 1.000 hectares plantados, tendo fundamental, portanto, pertinência social para as regiões produtoras e para o Estado. A análise dos números acima nos permite afirmar que a segurança alimentar do país é, de fato, garantida pelos produtores de arroz convencional do Estado, de modo que a declaração do Congressista se revela dotada de desrespeito e “desinformação” incondizente com a de um Parlamentar.
Ademais, os produtores rurais gaúchos elevam o país ao patamar de maior produtor de arroz do Mundo fora do continente asiático, sendo gerador de riquezas, empregos, tributos ao Estado, contribuindo, inclusive, para que o país possa prover programas assistenciais às camadas mais vulneráveis econômica e socialmente da população brasileira.
A par destes desserviços os produtores (as) do Estado seguirão cumprindo sua missão, contribuindo com a efetiva construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária, desenvolvendo o Estado e mitigando as desigualdades sociais.
Porto Alegre/RS, 25 de maio de 2023
Alexandre Azevedo Velho
Presidente da Federarroz