A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O potencial da rotação de culturas abriu com destaque a programação da colheita do arroz e de grãos em terras baixas, nesta terça-feira (14), em Capão do Leão. A prática tem avançado como opção de rentabilidade aos produtores, mas também como oportunidade de melhorar a fertilidade das lavouras.
Conforme dados levantados e apresentados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na coletiva de abertura do evento, a área semeada de arroz irrigado no RS atingiu 839.972 hectares na safra 2022/2023, uma redução de 12% ante o ciclo anterior, com queda em todas as áreas plantadas.
Enquanto que a área semeada de soja em terras baixas, em rotação com o arroz, somou 505.965 hectares. Um acréscimo de 19%.
Para o setor, a explicação para a alternância vem da falta de resultado econômico no cereal e dos bons negócios obtidos com a oleaginosa. Segundo Alexandre Velho, presidente da Federarroz, o custo de produção do cereal é o dobro do custo de produção da soja, despendendo, no mínimo, R$ 12 mil do bolso do produtor.
— O viés de produtor multissafra é um caminho sem volta. É a rotação de cultura que buscamos para trazer viabilidade econômica nos nossos negócios — disse Velho.
Pela primeira vez, o Irga apresentou também dados do milho plantado em terras baixas. A diretora-técnica Flávia Tomita lembrou que os produtores pediam uma opção de cultura além da soja, e a entidade passou a desenvolver no ano passado um projeto de milho irrigado para a região. O grão se tornou realidade em terras baixas e chega a 12.787 hectares semeados nesta safra.
Conforme o presidente do Irga, Rodrigo Machado, a fertilidade nas lavouras vem aumentando em função da rotação de culturas, e nas áreas onde não há problemas pela estiagem, a colheita de arroz esperada é satisfatória.
Apesar de ser totalmente irrigada no Rio Grande do Sul, a cultura não escapa ilesa nos problemas de escassez hídrica enfrentados pelo quarto ano seguido no Estado. A Fronteira Oeste, a região Central e a Campanha são as áreas onde estão os maiores problemas pela seca. Nas demais, a safra transcorre dentro da normalidade.
O presidente afirma que ainda é cedo para traçar o tamanho das perdas ou para projetar a produção do arroz nesta safra, enquanto a cultura ainda está em andamento no campo. Machado diz que esse é um cuidado necessário em função da falta de dados ainda precisos:
— Temos dificuldade na irrigação em função da estiagem. Mas não se pode afirmar o quanto a mais teremos de prejuízo. Precisamos ver como vai avançar a colheita e qualquer estimativa que se faz agora é extremamente precipitada porque impacta no mercado.
A programação da 33ª abertura oficial da colheita vai até quinta-feira (16), na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado. A expectativa é de que 12 mil pessoas passem pelos estandes ao longo dos três dias de exposição.