O crescimento do interesse — e do uso — de insumos biológicos nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul colocou o assunto à mesa dos debates na programação da 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que será realizada em fevereiro, em Capão do Leão. Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Alexandre Velho resume o motivo, ou melhor os motivos, que explicam esse avanço do produto: é bom para o ambiente e para o bolso do produtor.
Os benefícios e os desafios do sistema serão abordados em um painel, no dia 14, sob a moderação da Doutora em microbiologia do solo e pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Maria Laura Turino Mattos. E ela leva um trunfo para o evento. O primeiro estudo em lavouras de arroz irrigadas por inundação sobre o uso da bactéria Azospirillum brasiliensis ganhou registro permanente do Ministério da Agricultura. Com isso, entrará na recomendação técnica para a cultura.
— Foi um avanço muito grande. Abre a porta para que nos próximos anos outros produtos (biológicos) possam sair na recomendação técnica do arroz — destaca a pesquisadora.
O trabalho comprova a eficiência agronômica da bactéria, que já estava validada no milho e na soja, na promoção de crescimento e no aporte de nitrogênio nos grãos. É resultado de cinco anos de pesquisa e de uma coleção de mais de mil micro-organismos de clima temperado, específicas do ambiente de terras baixas.
— O que estamos vendo é uma grande janela de oportunidade que se abre para a cultura do arroz, com novas pesquisas para o controle biológico — avalia Maria Laura.
O presidente da Federarroz-RS compartilha essa perspectiva e entende que o uso do biológico é "um caminho sem volta":
— Tem uma pegada ambiental, que é o desejo de um uso cada vez mais racional dos produtos químicos, e um menor custo, sem perder a eficiência. Muito produtores têm provado e aprovado a eficiência do biológico.
A ideia é ampliar as opções do agricultor, combinando o uso de insumos biológicos aos químicos. Maria Laura reforça ainda a necessidade de que esses micro-organismos estejam associados à tecnologia para a aplicação para que possam ter o efeito esperado.
— Não adianta só um micro-organismo em si. Tem de associar tecnologia para ter eficiência agronômica. A tecnologia te dá a vida de prateleira do produto — explica a pesquisadora da Embrapa.
Sobre a abertura da colheita
- A programação da 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas vai de 14 a 16 de fevereiro
- Pelo quinto ano consecutivo, será realizada na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão
- A expectativa da Federarroz-RS, organizadora do evento, é de que o público seja superior a 10 mil pessoas
- O tema desta edição é Arrozeiros como Produtores Multissafras
- No espaço das lavouras, o arroz divide o protagonismo com a soja e o arroz, culturas que vem sendo usadas em sistema de rotação com o cereal. Neste ano, a área destinada à pecuária, atividade que também entra nesse cenário multissafras, ficou maior
- O número de empresas participantes passou de cem para 135
- O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) entra como co-realizador, com a Embrapa e o Irga, e dará a largada nas palestras técnicas do programa Duas Safras no evento
- O Painel Biológicos – benefícios e desafios desse sistema, será no dia 14/2, às 16h35min. Terá moderação de Maria Laura Turino Mattos e como painelistas Cristiano Cabrera, produtor em Dom Pedrito e diretor da Federarroz, Fábio Bueno dos Reis Júnior, pesquisador da Embrapa Cerrados, e Waldemiro Aguiar, produtor em Santa Vitória do Palmar