O desenvolvimento de produtos biológicos para uso na agricultura cresce a passos mais largos no Brasil do que em outras partes do mundo. A taxa média anual é de aumento de 30%, enquanto no resto do mundo fica em torno de 18%, aponta Carlos Goulart, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura. No gráfico acima, podem ser conferidos os registros conferidos nos últimos 10 anos.
— Os bioinsumos estão sendo muito aplicados como promotores de crescimento do solo. Tem estudo que indica que nas próximas safras pode responder por 50%. Em algumas culturas, vai deixar de ser a exceção para ser a regra — ponderou Goulart, ao responder sobre o papel dos biológicos no manejo.
Caio Almeida, gerente de Avaliação de Segurança Toxicológica da Avisa acrescenta:
— O bioinsumo é mais do que complementar, faz parte do manejo integrado de pragas.
Ambos falaram sobre o processo regulatório de agrotóxicos em palestra realizada no Insper com sobre o Uso de Tecnologias e suas Controvérsias. Entre os obstáculos ainda a serem vencidos, Goulart cita a necessidade de se ter um “tratamento regulatório diferenciado”, que possa dar mais celeridade ao processo de registro. Hoje, os biológicos precisam seguir a “cartilha” e trilhar o mesmo caminho dos químicos, que inclui análise de três órgãos: Ibama, Anvisa e Ministério da Agricultura.
Em relação ao uso para controle de pragas, Goulart faz uma aposta:
— A empresa que desenvolver um herbicida biológico, vai quebrar a banca.
Terreno fértil
Em expansão nos últimos anos, os biológicos ainda respondem por uma fatia menor do que os químicos, conforme os registros concedidos nos últimos cinco anos. Dados do Ministério da Agricultura mostram que de 2019 para cá (em 2022, até maio), foram registrados 1.006 produtos
Desses, 748 são químicos e 258 biológicos, incluindo os aprovados para a agricultura orgânica (124). Os biológicos representam 25,6% do total aprovado no período
Muitos produtores estão investindo em bioinsumos, inclusive em biofábricas, que são estruturas preparadas para o desenvolvimento de produtosque podem inclusive comercializados
No Grupo Bom Futuro, com sede em Cuiabá (MT), a biofábrica (foto) emprega hoje 22 pessoas, de engenheiros agronômos a engenheiros de alimentos.
Há duas aplicabilidades dos bioinsumos: no tratamento do solo (em 100% das culturas), e no manejo de pragas como a cigarrinha do milho