A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O 5º levantamento da safra de grãos 2022/2023, divulgado nesta quarta-feira (8) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), traz novos ajustes na produção brasileira em função da estiagem no Rio Grande do Sul. Os efeitos da seca no Estado levaram a reduções em volume e produtividade, mas que, na conta final, acabam sendo compensados pelo desempenho sem perdas em outros Estados, principalmente do Centro-Oeste.
A projeção é de que a safra brasileira chegue ao recorde de 310,6 milhões de toneladas ao final da colheita, um aumento de 14% sobre o ano passado. Os valores são puxados por aumentos na soja, no milho, e recorde no trigo. Em área, o crescimento calculado é de 3%, com mais de 76,7 milhões de hectares.
O crescimento da soja no país é esperado apesar da quebra gaúcha. O terceiro ano de influência do La Niña é sentido no campo, ainda que em menor intensidade. A restrição hídrica aliada às altas temperaturas são o principal fator de impacto no RS, segundo o gerente de acompanhamento de safras da Conab, Rafael Fogaça.
A produtividade da soja, principal cultura plantada no Brasil, mais uma vez tem diferença grande quando analisada individualmente por Estado. No Rio Grande do Sul, a produção deve ser de 18,9 milhões de toneladas — no primeiro levantamento, eram 21,6 milhões de toneladas.
Mesmo com os ajustes, a produção mantém crescimento grande em relação ao ano passado, que foi de base bastante fraca por conta de outra seca. O levantamento projeta 152,9 milhões de toneladas colhidas neste ciclo.
No milho 1º safra, a produtividade se mantém estável no cenário nacional, mas porque a redução expressiva no RS vem sendo compensada pela produção na Bahia. A produção total deve subir 5,7% sobre a safra passada, que também foi de quebra. Este ano, a estiagem está persistente apenas no Rio Grande do Sul para a cultura, com os demais Estados produzindo bem.
Os ganhos só não serão maiores em virtude dos problemas climáticos do RS. Nas lavouras gaúchas do grão, somente cerca de 100 mil hectares são irrigados, enquanto mais de 700 mil hectares são de milho sequeiro, fortemente afetadas pela falta de chuva. A produção total no Estado deve somar 4,3 milhões de toneladas — lembrando que os números da Conab são do fim de janeiro e ainda podem ser alterados no decorrer da safra.
No arroz, a Conab calcula uma redução de 5,7% na produção (10,2 milhões de toneladas), puxada pela pouquíssima chuva no RS, apesar das lavouras serem 100% irrigadas. O desempenho na cultura é considerado melhor que no ano passado, mas ainda com perdas importantes. No Rio Grande do Sul, serão 7,1 milhões de toneladas colhidas.