A tarefa de provar os 16 vinhos mais representativos da safra 2023 é, sem dúvida, atrativa. Provoca curiosidade e faz os colegas da redação brincarem com a "dificuldade" da pauta: afinal, é um acesso antecipado ao que de melhor se produziu Brasil afora neste ano. Uma legião de 1.650 participantes, de apreciadores a enólogos, passando por sommeliers, editores e outros tantos entusiastas desse universo, se somou à degustação que vem sendo conduzida em formato híbrido na Avaliação Nacional de Vinhos, organizada pela Associação Brasileira de Enologia. Houve uma cerimônia presencial, em Bento Gonçalves, mas que pôde ser acompanhada em tempo real via transmissão no YouTube. Mesmo em casa, para quem fez a aquisição dos kits, era possível fazer a prova como se estivesse na Serra.
Em Porte Alegre, também foi montada uma base para que jornalistas, influenciadores, enólogos e sommeliers pudessem acompanhar a divulgação dos resultados. Em mãos, o Manual do Avaliador e a Ficha de Degustação. Uma rápida olhada nos permite detectar que a missão é bem mais complexa do que parece. Para cada uma das 16 amostras são três análises. E em cada uma delas, há características a serem pontuadas. Na visual, limpidez e aspecto. Na olfativa, intensidade, nitidez e qualidade e, na gustativa, intensidade, nitidez, qualidade e persistência.
Os degustadores são guiados pelos comentaristas que, ao final, dão a sua nota. A mediana de seleção também é informada. O vinho servido segue sendo apenas um número estampado na garrafa (veja na foto acima). É só ao final de toda a cerimônia que as marcas serão reveladas. Na minha mesa de degustação, as especialistas faziam suas apostas sobre a vinícola escolhida, com base no conhecimento que têm do trabalho dessas marcas. Cada empresa costuma ter uma "assinatura" para a produção de seus vinhos. E é nesse contexto que se destaca o papel do enólogo.
Dezesseis amostras depois, o que fica é a certeza da diversidade da produção nacional, como destacou Vagner Marchi, Diretor Técnico da ABE, ao traçar o panorama da viticultura brasileira. Há vinhos para todas as regiões e todos os paladares do país — e do mundo.
— Não existe país que produz uva de forma tão distinta como o Brasil faz. O Brasil é isso tudo, é tradição e inovação — sintetizou Marchi.
As amostras mais representativas de 2023
CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE
- Chardonnay e Pinot Noir – Vinícola Geisse – Pinto Bandeira (RS)
- Pinot Noir - Moet Hennessy do Brasil – Garibaldi (RS)
CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO
- Alvarinho – Cooperativa Vinícola Garibaldi - Garibaldi (RS)
- Chardonnay – Cooperativa Vinícola São João – Farroupilha (RS)
CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO
- Moscato Giallo – Hortência Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS)
- Malvasia Aromática – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (SC)
CATEGORIA ROSÉ FINO SECO
- Tannat – Casa Venturini Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS)
CATEGORIA TINTO FINO SECO JOVEM
- Merlot – Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS)
- Pinot Noir – Miolo Win Group – Bento Gonçalves (RS)
CATEGORIA TINTO FINO SECO
- Marselan – Vinícola Gazzaro – Flores da Cunha (RS)
- Alicante Bouschet – Vinícola Salvador – Flores da Cunha (RS)
- Cabernet Sauvignon – Vinícola Perini - Farroupilha (RS)
- Cabernet Franc – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)
- Petite Syrah – Vinícola Brasília – Brasília (DF)
- Tannat – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)
- Tannat – Vinícola dos Plátanos - Farroupilha (RS)