Os sabores revelados nos 16 rótulos escolhidos como os mais representativos da safra brasileira 2023, na 31ª Avaliação Nacional do Vinho, dão uma amostra do que é hoje a produção nacional. Sem limites geográficos — sete Estados, mais o Distrito Federal estavam entre os inscritos — e com manejos e colheitas em períodos diferentes do ano, tornou-se diversificada. Representada pelas 503 amostras inscritas na avaliação, a produção de uva para vinho ocupa 75,55 mil hectares de área implantada no país em 10 Estados. O Rio Grande do Sul segue à frente, com 62% desse total, mas o mapa do Brasil mostra que a uva ganhou versões de Norte a Sul.
— As fronteiras da viticultura não se limitam mais aos Estados do sul do Brasil — destacou Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), organizadora da avaliação.
Há hoje três tipos de viticultura identificadas no Brasil. A tropical, situada no Nordeste, permite poda e colheita "a qualquer dia do ano", destacou Vagner Marchi, diretor técnico da ABE ao apresentar o panorama. A segunda é a vinhos de inverno ou de dupla poda, concentrada nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e na Chapada Diamantina (na Bahia). Iniciada nos anos 2000, situa-se em altitudes maiores e tem a dupla poda no manejo, ou seja, dois ciclos completos da videira por ano, com duas podas, mas uma colheita, entre junho e agosto. E, por fim, a viticultura tradicional, desenvolvida no Sul e em parte do Sudeste, com uma poda e uma colheita anual, no verão.
— Não existe país que produz uva de forma tão distinta como o Brasil faz. O Brasil é isso tudo, é tradição e inovação — sintetizou Marchi.
Tim-tim
A cerimônia da 31ª Avaliação Nacional de Vinhos ocorreu no sábado (4) à noite, em Bento Gonçalves. O evento, realizado também online, contabilizou 1.650 participantes, que puderam degustar as 16 amostras mais representativas da safra 2023.
Foram inscritas 503 amostras de 74 vinícolas de sete Estados brasileiros — Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo —, além do Distrito Federal.
Dessas, 157 foram reveladas como as mais representativas — as 30% de melhor pontuação. E 16 amostras foram servidas para degustação. Quinze delas eram de produção no RS e uma em Brasília.
O processo começou em junho, com as inscrições. Em agosto, foi feita a coleta das amostras. Em setembro, 90 enólogos fizeram a degustação às cegas. O resultado foi revelado agora para o público.