Educação Básica

Impactos na aprendizagem
Notícia

“Precisamos adaptar os sistemas de educação” diz economista do Banco Mundial sobre crise climática 

Em evento em São Paulo (SP), pesquisadores e gestores abordaram os efeitos de eventos climáticos extremos no ensino e defenderam o aumento da resiliência das redes  

Sofia Lungui

De São Paulo

Enviar email
Todos Pela Educação / Divulgação
Debate aconteceu na quinta-feira (13).

Especialistas debateram em São Paulo (SP), na quinta-feira (13), o impacto da crise climática na educação, como os efeitos causados pela enchente de 2024 e pela onda de calor nas escolas do Rio Grande no Sul (RS), bem como em outros locais, como no Pará. 

— Precisamos adaptar os sistemas de educação para poder proteger os esforços na educação. Não adianta promover treinamentos pedagógicos com os professores se a escola está fechada por conta de uma enchente. Não adianta distribuir apostilas para os alunos se eles não podem ir à escola porque está muito quente — afirmou o economista em Prática Global de Educação do Banco Mundial, Sergio Venegas. 

A temática foi abordada durante o Encontro Anual Educação Já 2025, promovido pelo Todos Pela Educação.  

Conforme o economista, quando se trata de educação, “pensar em resiliência tornou-se uma necessidade”. Ele destacou que, desde 2022, 400 milhões de estudantes em todo o mundo enfrentaram o fechamento de escolas devido a eventos climáticos extremos, conforme relatório do Banco Mundial. 

Em países desenvolvidos, o número de dias sem aula é menor – em média, as crianças perderam 2,4 dias de aula no ano. Em países de baixa renda, os alunos perderam, em média, 18 dias de aula por ano. No RS, após a enchente, diversas escolas permaneceram fechadas por meses

Entre as soluções, os especialistas defendem o aumento de resiliência das redes de educação, por meio de investimentos em infraestrutura, e a inclusão da temática da crise climática nos currículos, bem como o aumento do financiamento. Segundo Venegas, as verbas não devem partir somente de órgãos e pastas ligadas à educação. 

Esses investimentos também devem vir de fundos voltados à mitigação de efeitos das mudanças climáticas. Ele ressalta que, de 2021 até agora, menos de 1,5% dos recursos financeiros destinados ao combate à crise climática foram repassados para a educação. O dado é do Banco Mundial. 

Ações de governos

O governador do RS, Eduardo Leite, também participou do evento, em painel específico com gestores cujos Estados tiveram os resultados mais expressivos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) ou na evolução ao longo dos anos. 

Considerando Estados em que os governadores estão no segundo mandato, o RS está entre os cinco Estados com a melhor nota no Saeb 2023, com 4,74 pontos – atrás somente de Goiás (4,88), Paraná (4,86) e Espírito Santo (4,85). O dado do Todos Pela Educação leva em consideração alunos de Ensino Médio da rede estadual. 

Combate ao racismo em pauta 

A implementação da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), do governo federal, também foi tema de um painel no encontro anual, com participação da secretária da Educação do RS, Raquel Teixeira. 

De acordo com Raquel, além de contar com uma nova matriz referencial que aborda de forma transversal as questões étnico-raciais, o RS agora conta com duas escolas de referência no combate ao racismo: a Escola Estadual de Ensino Médio Professor Tolentino Maia, em Viamão, e o Colégio Estadual Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior, em Porto Alegre. 

— Está sendo feita uma revisão do projeto político-pedagógico e do regimento escolar nestas escolas, com a perspectiva antirracista e um plano de ação estruturado para promoção da equidade. Tudo isso é novo, não existe em nenhuma outra escola, por isso é um projeto piloto. Depois, se der resultados, como achamos que vai dar, ele será disseminado para as outras escolas da rede — explicou a secretária. 

Anúncios do governo federal 

O encontro contou com a participação do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios. Na ocasião, ele anunciou que as provas do Concurso Nacional Docente serão aplicadas no final de outubro e que os resultados divulgados em dezembro. 

Conforme Palacios, um terço do exame será de perguntas gerais, e dois terços, de questões específicas da disciplina lecionada pelo candidato. Ele ressaltou a importância da iniciativa. 

— Essa avaliação vai estabelecer para todo o país o que se entende como sendo a boa formação de um professor da Educação Básica, o que se deseja, o que caracteriza essa formação de qualidade — avaliou. 

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância dos programas executados para a Educação Básica, como o Escola em Tempo Integral, que recebeu investimentos de R$ 4,06 bilhões e contabilizou 965 mil novas matrículas nessa modalidade. 

Além de defender a regulação nas mensalidades dos cursos de Medicina nas universidades particulares, o ministro afirmou que o reajuste do piso dos professores deve passar a ser anunciado no meio do ano, e não mais em janeiro, como ocorre atualmente. 

*A repórter viajou a convite do Todos Pela Educação.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Supersábado

08:00 - 11:00