A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), integrada por parlamentares ruralistas do Congresso Nacional, publicou uma nota, nesta segunda-feira (6), na qual pede a anulação de três questões da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O grupo afirma que as perguntas têm “cunho ideológico” e não possuem "critério científico ou acadêmico”.
Os alvos das críticas são tópicos relacionados a mercados especuladores de terras na Amazônia, ao agronegócio e à nova corrida espacial. Na prova branca, são as questões 89, 70 e 71.
No texto, os parlamentares da bancada ruralista dizem que as questões são “mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica” e que permitem “que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”. A entidade acusa o governo federal de cometer “negacionismo científico” contra o setor e de “se utilizar de desinformação” no exame.
Na nota, a FPA diz que faria requerimentos reivindicando a anulação das questões, convocando o ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e solicitando informações sobre a banca organizadora do Enem deste ano e as referências bibliográficas usadas para a construção da prova. Ao final de cada questão, a fonte do texto de apoio é referida e pode ser verificada por qualquer pessoa.
Procurado, o Ministério da Educação informou que as questões do Enem “são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI)”.
Relatou, ainda, que O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela prova, “não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco”, e que o processo “envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora”. Com em todos os anos, os itens selecionados, segundo a pasta, passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI.
Confira abaixo as questões citadas na nota e a transcrição da correção feita pelo curso de preparação online Me Salva!.
Ou seja, a questão está te exigindo o quê? Um aspecto negativo do agronegócio. Ele tem seus pontos positivos? Ok, mas ele também vai trazer aspectos negativos. E aí vem a pergunta. “Um cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção das condições para a vida”. É isso. A parte final do texto tá mostrando que o pequeno produtor, o camponês, o proprietário, vai acabar nas mãos de uma estrutura que explora esse cara, que causa uma série de problemas à sua condição de vida. Então, é a letra “A” a nossa resposta.
São pelo menos duas perspectivas, e por isso vamos marcar “Expectativa e desconfiança”, letra B. e por quê? O primeiro texto está falando de uma esperança, uma expectativa. O que vai acontecer quando de fato tivermos essas viagens? Bom, algumas coisas vão acontecer no sentido de que algo vai melhorar. No entanto, nós temos uma desconfiança, porque já tivemos processos históricos aqui que se assemelham a isso. Portanto, expectativa e desconfiança.
Esse problema que está narrado no texto é desencadeado pelo quê? “Apropriação de áreas devolutas”. O que são áreas devolutas? Áreas que tu tem lá de floresta que não têm um proprietário privado. São terras do Estado, do governo, do Brasil, mas que, na ânsia pela expansão de uma fronteira agrícola, vão sendo diminuídas de forma ilegal pelos grileiros, madeireiros, vão sendo desmatas e ocupadas por pecuaristas. Letra “A”.