A conjuntura atual da safra de trigo no Rio Grande do Sul traz uma combinação indesejada dentro e fora do campo. O tempo chuvoso e as temperaturas mais elevadas para o período podem comprometer o rendimento das lavouras. Da mesma forma, o mercado se coloca como um desafio, com os preços do cereal a um patamar abaixo do mínimo.
O valor médio da tonelada de trigo no Estado em setembro, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, está 33,29% menor do que em igual mês do ano passado.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura confirmou R$ 400 milhões para apoio na comercialização via leilões de Prêmio Para Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). As ferramentas permitem que a diferença em relação ao valor de mercado seja coberta.
O ministro Carlos Fávaro havia sinalizado que a ação teria o objetivo de alcançar 1,5 milhão de toneladas. Com os preços atualmente praticados, a estimativa é de que o montante em dinheiro consiga abranger 865 mil toneladas, menos de 10% do volume total projetado para a colheita de trigo no país.
— Pode ser interessante para alguns produtores, mas pode criar uma dificuldade, encher os moinhos. Essa é a grande preocupação — avalia o sócio-diretor da Solo Corretora, Índio Brasil dos Santos.