A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Do mesmo modo que a quebra na soja derrubou a produção de verão em relação ao que era previsto para a temporada, é também a recuperação dela em relação a uma estiagem ainda mais severa em 2022 que deve garantir a retomada da agropecuária gaúcha no restante do ano.
A projeção — que já havia sido cantada na divulgação do PIB do primeiro trimestre de 2023, foi reforçada no mais recente Boletim de Conjuntura do RS, elaborado pela Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Estado.
A expectativa é pelos resultados do segundo trimestre, que tradicionalmente contabilizam maior efeito do grão colhido na economia do Estado. Como a previsão é de crescimento de 38,9% na produção da oleaginosa sobre o ano passado, “tem tudo para ser um trimestre melhor”, antecipa o pesquisador do DEE/SPGG, Martinho Lazzari. Fora a recuperação em outras culturas, como o milho.
— Embora não recupere 2021, produzimos mais (que em 2022), e isso tem impacto quase automático — diz o pesquisador.
Outros ingredientes devem ajudar a crescer o bolo ao final do ano, como a safra de inverno que está em andamento, apesar das estimativas contidas. A colheita do trigo foi histórica em 2022, e é difícil crescer em cima de recorde. Fora os efeitos do clima pela atuação do El Niño, que podem impactar a safra. Mesmo que haja queda no cereal, porém, os demais produtos devem compensar, dado o peso deles para a produção.
O desempenho da economia no encerramento do ano também deve contar com a ajuda dos setores relacionados ao agronegócio, como a indústria de máquinas agrícolas. Lazzari lembra que o segmento teve queda nos primeiros três meses do ano, e uma das explicações era a espera pelo anúncio do novo Plano Safra. Agora, com os recursos e as condições colocados na mesa, tende a destravar.
— É um setor que tem tudo para ter recuperação, embora os preços agrícolas estejam em patamares menores que o ano passado. Talvez limite, mas há aumento de produção no resto do país, a soja novamente indo bem, e uma coisa compensa a outra — diz o pesquisador.