A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Desde o início de maio, a maior central de alimentos do Estado (Ceasa-RS) está sob novo comando. Carlos Siegle de Souza, 48 anos, traz na bagagem a carreira na gestão pública para tocar a empresa até 2024. Atrair novos clientes para a Ceasa, que nem sempre é buscada como alternativa de compras pelo consumidor final, está entre as metas da nova gestão. Aumentar o fluxo da empresa, afinal, é fazer reduzir o preço do alimento na mesa, diz Souza.
Colocada entre as Ceasas do país que mais transaciona valor e volume, a empresa do RS atingiu recorde comercializado em 2022, de R$ 2,4 bilhões, com a venda de 560 milhões de quilos de alimentos. Além disso, gera mais 10 mil empregos diretos.
Na entrevista a seguir, saiba mais sobre os planos do novo presidente da Ceasa-RS:
Quais os planos para a sua gestão?
A Ceasa, nos últimos anos, primou por sanar suas contas, trabalhar com superávit, e hoje é uma empresa completamente sustentável do ponto de vista econômico. O nosso desafio é não mexer no que funciona, ou seja, dar continuidade ao que já está indo bem, e tentar criar inovações e estratégias para aumentar o acesso de novos clientes para os atacadistas e os produtores e reduzir custos da operação de cada um. Porque isso, no final das contas, é reduzir o valor do produto na mesa das pessoas.
O que precisa ser melhorado para o desenvolvimento do espaço?
Espaço não é um problema. Mas temos que encontrar estratégias para novos públicos e clientes que ainda não atingimos ou que possam estar optando pelo mercado que produtores e atacadistas chamam de “clandestino”. Na Ceasa, há todo um controle de qualidade, com visitas técnicas na produção de cada um. Também acredito que temos espaço para ampliar a presença de público, não só de empresas. A Ceasa não é um ponto estratégico na cidade para o acesso de pessoas, fica num canto de Porto Alegre, mas, ao mesmo tempo, está no miolo da Região Metropolitana. Podemos ampliar a presença das pessoas, principalmente no galpão dos produtores, onde os produtos são frescos e muito baratos. Muitos talvez até nem saibam que não precisa ter CNPJ para comprar na Ceasa e isso nós temos que divulgar mais.
Como expandir o orçamento e manter a saúde financeira da empresa?
Nós vivemos da locação dos espaços. Temos ainda áreas para absorver empresas e produtores interessados e estamos pensamos em estratégias para ampliar outros serviços, como restaurantes, lancherias, bancos e suporte para as vendas dos atacadistas e produtores. A empresa teve no último ano um superávit R$ 225 mil, temos em caixa algo perto de R$ 12 milhões, que é o recurso que está sendo guardado para reformas e obras que precisam ser feitas. A Ceasa é uma empresa que vai fazer 50 anos no ano que vem e há estruturas que precisam ser reformadas. Tem uma estimativa de obras que beiram entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões de investimentos em infraestrutura. Feitas, essas obras vão baratear a locação e o custos dos permissionários. O que vira produto mais barato na mesa das pessoas.
Podemos ampliar a presença das pessoas, principalmente no galpão dos produtores, onde os produtos são frescos e muito baratos.
CARLOS SIEGLE DE SOUZA
Presidente da Ceasa-RS
Quais os desafios de administrar uma estrutura do tamanho da Ceasa?
É um baita desafio. Nas quintas-feiras, passam mais de 40 mil pessoas por aqui. É o dia mais cheio. Para a gente que é da gestão pública, é um desafio motivador poder contribuir diretamente na qualidade de vida da população, baixar custo de produtos, de alguma maneira influenciar índices inflacionários já que muitos itens da cesta básica são comercializados aqui. É instigante e motivador fazer um trabalho que tem importância e pode dar retorno direto para a vida da população.