A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A China foi mais uma vez o pêndulo da balança comercial para a proteína animal brasileira. Depois do setor de suínos e frango, foi o de bovinos que sentiu o efeito. Só que "para baixo". A exportação brasileira da carne bovina caiu em 20% em março, na comparação com o mesmo mês de 2022. No período, foram embarcadas 162,8 mil toneladas, informou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Em receita, a queda foi ainda maior, de 37%, totalizando US$ 709,4 milhões.
Na avaliação do diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle, era natural que isso ocorresse, depois de uma suspensão determinada por um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como mal da vaca louca, no Pará.
— Hoje, mais da metade de toda a carne bovina brasileira exportada vai para China. E existe um protocolo sanitário entre o Brasil e o governo chinês que diz que, em caso de detecção do problema, se declara autoembrago até descobrir o que causou o caso — explica o dirigente.
Entre a detecção, o esclarecimento da causa e a retirada do embargo, foram 29 dias. Um período "até curto", na avaliação de Moussalle, comparando com vezes anteriores. Mas os impactos — desta e das outras vezes — ocorreram.
Apesar de ter apenas três unidades que exportam carne bovina para o gigante asiático — todas da Marfrig —, o Rio Grande do Sul foi o Estado mais afetado entre os 10 que mais exportam a proteína. De uma participação de 6,7% nos embarques nacionais no primeiro trimestre de 2022, caiu para 4,4% neste ano, segundo a Abrafrigo.
Considerando só o mês de março, o volume de exportação foi 34,85% menor, com 11,4 mil toneladas, e a receita 25,75% menor, com US$ 65,73 milhões.
— Mesmo com o retorno das exportações para a China, a carne que está sendo exportada agora do Rio Grande do Sul não é gaúcha. Como o preço da carne no Centro-Oeste está menor, os frigoríficos estão comprando de lá para desossar aqui no Estado — acrescenta Moussalle.