A retomada do cronograma para aumento do percentual de biodiesel a ser adicionado ao diesel, definida nesta sexta-feira (17) em reunião do Conselho de Política Energética, era aguardada com expectativa pelo setor, e volta a dar um gás à Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). O efeito positivo do movimento vem para todo o país, mas tem uma dimensão ainda maior para o Rio Grande do Sul, hoje o maior produtor nacional, com nove indústrias instaladas.
As empresas, hoje com uma ociosidade em torno de 40% deverão ter um crescimento de 20% no processamento a partir já da primeira mudança, prevista para abril, quando a adição passará de 10% a 12%. É a projeção feita por Erasmo Battistella, diretor-presidente da BSBios e diretor do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustível do Brasil (Aprobio).
— O RS é o maior beneficiado porque é o maior produtor. Temos fábricas no Brasil prontas para o B15 — pontua Battistella.
Pelo novo cronograma, esse percentual deve ser atingido em 2026. A evolução parte de abril deste ano, quando chega a 12%, sobre para 13% em abril de 2024, 14% em abril de 2025 e 15% em igual mês de 2026. Para Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Aprobio, o ponto positivo é a retomada da previsão de avanço, mas a entidade entende que o cronograma deveria ser mais acelerado.
— Há uma descompressão sobre o volume de farelo de soja. Todos ganhamos com esta definição. Agora, nossa luta é antecipar esse cronograma. A própria nota do ministério indica que é possível — acrescenta Turra.
Além do impacto positivo para a indústria, há ganhos para os produtores, em especial da agricultura familiar. Conforme a Frente Parlamentar em Defesa dos Biocombustíveis da Assembleia Legislativa do Estado, 62% das 72 mil famílias de agricultores familiares que fornecem ao programa estão no Rio Grande do Sul.
— É vital para essas famílias e uma questão que fortifica no avanço daquilo que o programa previa desde o início, do selo de benefício social. Somente no ano passado as aquisições da agricultura familiar representaram 57% do total de R$ 8,8 bilhões no Brasil — destaca Elton Weber, presidente da frente.
Esse avanço no percentual já deveria ter ocorrido, conforme o cronograma inicial, mas acabou sendo interrompido em meio à escalada de preços da soja — principal insumo usado na produção do biodiesel — após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
— O aumento na mistura para 15% nos próximos dois anos é uma decisão técnica e política, com base na alta qualidade do biodiesel nacional e na capacidade instalada da nossa indústria, que já é uma das melhores do mundo. Além disso, ela garante a inclusão produtiva de milhares de famílias e reposiciona o Brasil como produtor mundial de energia limpa —reforçou o presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) do Congresso Nacional, Alceu Moreira.
Saiba mais
- O Brasil produz 6,3 bilhões de litros — uma capacidade ociosa de 54%, conforme a FPBio.
- Capacidade instalada no país de 13,4 bilhões de litros
- Novos investimentos devem elevar esse volume para a 17,1 bilhões de litros anuais.