O momento em que as macieiras dos Campos de Cima da Serra estão cheias de flores é também o que exige cuidado redobrado, aponta a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi). É nesta etapa do ciclo que se define a produtividade da safra da maçã, que ainda carrega impactos da estiagem. A falta de chuva enfrentada neste ano comprometeu parte do desenvolvimento dos brotos.
E, depois da escassez, agora é o excesso de umidade na região Sul que vem preocupando. Por pelo menos dois fatores: a falta de polinização e a incidência de doenças, explica o engenheiro agrônomo José Alexandre Padilha de Souza, que assessora pomares em Vacaria, principal município produtor da fruta no país.
Tanto é que a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC (Epagri) emitiu um alerta para a incidência da sarna-da-macieira, uma doença causada por fungo.
— A doença pode atacar várias partes da planta, inclusive os frutos, e reduzir o vigor das plantas — detalha o agrônomo José de Freitas, da Sipcam Nichino Brasil.
No RS, o risco está mais elevado em Vacaria, Bom Jesus, Lagoa Vermelha e Caxias do Sul, segundo o Centro de Informações de Recursos de Hidrometeorologia de SC. O presidente da Agapomi, José Sozo, no entanto, pede cautela:
— A doença da sarna não é como há 20 anos. Hoje em dia, estamos mais treinados. Temos perfeitas condições de controlar.
Controle que se torna ainda mais essencial depois do encolhimento da safra registrada no último verão no Estado: a colheita de 480 mil toneladas da fruta é 23,5% menor do que no ciclo anterior.
— Podemos ainda ter efeitos dessa seca passada, porque as macieiras perderam potencial (de produtividade). E certamente não vamos ter qualidade para exportação — acrescenta Sozo.
Na safra 2020/2021, foram exportadas 150 mil toneladas. Em 2021/2022, apenas 40 mil.
— Está sendo um ano bem desafiador — concorda Souza.
*Colaborou Carolina Pastl