Figuras conhecidas dos palcos e das histórias em quadrinhos como Beyoncé, Hulk e Cascão também podem ser encontradas nos campos gaúchos. E revelam que o momento da escolha dos nomes é especial para os criadores, tendo influência de ídolos, santos e de progenitores importantes. Algumas dessas alcunhas especiais, aliás, estarão nas pistas do parque Assis Brasil, em Esteio, na 45ª Expointer. É o caso da égua Aparecida da Tropilha Padroeira, da raça crioula, que disputa o Freio de Ouro. Devoto de Nossa Senhora Aparecida, o criador José Bernardo Cardozo, da cabanha Tropilha Padroeira, de Santa Vitória do Palmar, fez uma homenagem:
— Logo vi que tinha algo de especial na égua.
Para os proprietários da cabanha Rincon del Sarandy, de Uruguaiana, acabou se tornando uma estratégia para chamar a atenção dos criadores nos leilões. No mais recente, os touros e vacas das raças angus, brangus e ultrablack à venda tinham nomes inspirados em histórias em quadrinhos. She-Ra, The Flash, Mulher Gato, Spider-man e Huguinho foram alguns dos personagens em pista. E a criatividade não parou por aí. Na hora da descrição no catálogo, havia características que, de alguma forma, lembravam esses desenhos. O touro Cebolinha, por exemplo, era top em "malmoleio" (reproduzindo a fala do integrante da Turma da Mônica para a palavra marmoreio).
— No remate, teve um produtor que só queria comprar o touro Batman se pudesse, junto, dar um lance para o Robin (outro exemplar) — conta Ignacio Tellechea, um dos proprietários da Rincon del Sarandy.
Já para a produtora Carmem Dias da Costa, da Cabanha Ventana, de Boa Vista do Incra, a ideia de usar nomes diferentes surgiu para memorizar a geração das suas vacas da raça jersey:
— Todas são registradas. E cada ano é uma letra do alfabeto. Tento fazer uma lembrança com o nome da mãe. A Desnatada, filha da Nata, mãe da Gordura. Tem a família de bebida, dos famosos. Tem de tudo — brinca Carmem.
No vídeo abaixo, a produtora dá mais detalhes dessas escolhas:
As inspirações são diversas
De Palmares do Sul, o criador Evaristo Tagliari Neto também usa "motivos" para organizar cada idade dos seus cavalos crioulos. Há 37 anos no ramo, alguns já usados foram ritmos de música, orixás, nomes próprios antigos e cidades de Mato Grosso (onde mora).
— Sempre reservo os melhores nomes para os animais que a gente espera que ganhem campeonato. Para ficar bonito no pódio — admite, exemplificando a teoria com uma das éguas mais premiadas da cabanha, Confiança.
E, em Piratini, os pequenos produtores Nilton Silva Garcia e Andréa Madruga batizam de acordo "com o focinho" dos seus ovinos da raça ideal. Quase como um "pet". Tem o Charrua, a Vem-vem e a Florinda:
— Ao longo dos anos, vamos nos apegando aos animais e convivendo muito com eles — resume Andréa, que estará na Casa Ideal, na Expointer, comercializando peças de vestuário feitas da lã ovina.
*Colaborou Carolina Pastl