Das sete empresas mais bem avaliadas na América Latina em ranking de bem-estar animal, três são do Brasil. É o que aponta a 2ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (Mica), que mede progressos, avanços necessários e eventuais retrocessos das companhias que se comprometeram a fazer uso de ovos provenientes de galinhas criadas livres. A iniciativa é da organização sem fins lucrativos Mercy For Animals, que neste ano analisou 52 empresas. Na categoria Ouro, em que 100% dos fornecedores já são de animais criados nesse sistema, está a BRF, pela primeira vez no relatório. Aparecem ainda JBS e Grupo Pão de Açúcar na relação das sete primeiras colocadas (ambos na categoria Bronze, com progresso significativo e relatórios sobre o avanço).
— Isso acaba movimentando o setor para que outros concorrentes também olhem para o tema. Vendo como cada uma está tratando a questão, movimenta o mercado como um todo — avalia Cecilia Valenza, gerente de Relações Corporativas da MFA no Brasil.
No total, cinco companhias subiram de posição em relação ao ranking do ano passado, quando foram avaliadas 34 empresas. Reconhecendo os bons exemplos, Cecilia pondera que ainda há trabalho a ser feito. A estimativa é de que apenas 5% da criação de galinhas no país seja no sistema livre. Nos EUA, acrescenta, o percentual fica em 36%.
— Temos vitórias importantes, mas um caminho muito grande nesse trabalho. As empresas têm de olhar com equidade para a cadeia de operações. A questão de bem-estar animal, de segurança alimentar não pode terminar na fronteira de países — completa Cecilia.
Conforme a Mercy for Animals, mais de 160 empresas (indústrias, rede hoteleira, supermercados, restaurantes, etc) assumiram no Brasil compromissos para obtenção de ovos de galinhas criadas livres. O Mica surge justamente para acompanhar o progresso desses compromissos, é uma ferramenta pública que pode ser consultada por qualquer pessoa.