Como você escolhe os ovos no supermercado ou em feiras? Pela cor branca ou vermelha da casca? Caipira ou industrial? Orgânico ou convencional? Embora essas sejam as características mais conhecidas dos consumidores, há outra que começa a galgar espaço nas prateleiras: ovos livres de gaiolas.
O produto é resultado de galinhas criadas soltas, sem as habituais gaiolas usadas no sistema intensivo de produção.
— O principal ganho é o de bem-estar. Soltas, as aves conseguem manifestar comportamentos naturais, como bater asas, ciscar, espichar-se e tomar banhos de areia — explica a veterinária Carla Menger Lehugeur, analista agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura.
O movimento de criação de galinhas poedeiras soltas ganhou força sobretudo a partir de 2016, com pressões para que as granjas abandonassem as gaiolas.
– O consumidor mais exigente passou a questionar a ética da criação, levando as granjas a buscarem sistemas alternativos de produção, com mais espaço e poleiros – diz Carla.
Nos últimos anos, grandes redes de supermercados e restaurantes passaram a exigir de seus fornecedores o compromisso com a adoção de boas práticas de produção.
– É um movimento mundial de consumidores e organizações não governamentais, liderado principalmente por países da Europa – destaca José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e coordenador do programa Ovos RS.
Consumo ainda tímido
No Brasil, o movimento é mais incipiente, pondera o diretor-executivo da Asgav. Dos cerca de 3,2 bilhões de ovos produzidos anualmente no Estado, de 3% a 5% resultam de criações de aves livres.
– Estamos falando de um nicho, que baterá no teto quando chegar a 15% ou 20% do total de ovos produzidos – projeta Santos.
Um dos limitadores para o crescimento é o custo, já que exige mais investimento do que o sistema convencional. Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), o preço de ovos livres de gaiola pode ser até 40% superior.
– O produto responde por menos de 1% das vendas. É um mercado que não decolou ainda, talvez mais pela recessão vivida pelo país do que a atratividade em si – afirma Antônio Cesa Longo, presidente da entidade.
Entenda as diferenças
- As galinhas livres de gaiola são criadas soltas, em galpão e ao ar livre, e se alimentam de pasto e de insetos.
- No sistema convencional de produção, as aves ficam em gaiolas dentro de galpões, onde são alimentadas com ração.
- A cor da casca é determinada pelo sistema de criação, mas pela raça das aves.
- Quando o sistema de criação é sem gaiola, normalmente a indicação está na embalagem. Não há um selo ou certificação específica.
- Galinhas caipiras normalmente são criadas soltas.
- As diferentes criações podem interferir na coloração da gema e na consistência da clara.
- Em ambos os sistemas de produção, são necessários cuidados de biosseguridade para garantir a sanidade do alimento.