Mesmo consolidada, a parceria comercial com os 22 países da liga árabe tem terreno para ganhar, seja nas exportações ou nas importações. É o que disse o gerente de inteligência de mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Marcus Vinícius Pillon, à coluna, durante a abertura da Expodireto Cotrijal, ontem (7). Ele cita a produção de fertilizantes nessas nações como uma opção de diversificação de fornecedores. Tema hoje de grande relevância em razão da guerra Rússia-Ucrânia. Confira trechos da entrevista:
Que espaço o agro brasileiro ainda tem para a ocupar nos países da liga árabe?
Somados, os 22 países da liga árabe são o segundo principal destino das exportações do agronegócio (brasileiro), considerando somente as commodities. Mesmo com esse tamanho de mercado, com as possibilidades, a balança comercial ainda é muito concentrada em países e produtos. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Argélia são os principais destinos. Nos produtos, gado e frango halal são os carros-chefes, além de açúcar, soja, milho, café, trigo. Os países da liga importam 50% do que consomem. Por aí vê a importância dos países fornecedores de alimentos. Poderíamos exportar mais frutas, legumes, produtos com menor tempo de prateleira, mas há o desafio da logística.
E o que o Brasil pode buscar?
Agora com a questão da Rússia e da Ucrânia, a gente também pode ver os países árabes como grandes fornecedores de fertilizantes. Historicamente, eram o segundo principal tipo de produto importado pelo Brasil do mundo agro. Atrás só dos combustíveis minerais, ou seja, do petróleo. De 2020 para 2021, os fertilizantes passaram a ser o primeiro. As nações árabes podem ser parceiras complementares do agro brasileiro, não só como destino, mas também como fornecedor.
O que falta para ampliar?
Infelizmente, às vezes, a gente acaba ficando no comodismo do tradicional. Colocamos à disposição da ministra (Tereza Cristina) um mapeamento de fertilizantes que o Brasil importa do mundo mas não de países árabes. Porque, se diversificar, pode não vir a passar por problema desses futuramente. Se existem nichos que os árabes podem fornecer de fertilizantes, por que não importar mais?