Os números não deixam dúvidas: a demanda mundial por carnes cresce na direção leste. Com a China como expoente na Ásia, o continente tem ainda outros espaços importantes, um deles o dos países árabes. A partir deste domingo (16), Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, recebe time de indústrias brasileiras do setor para participar da Gulfood 2020, feira de alimentação. Ao longo da semana, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também comemorou a reabertura das portas do Kuwait, país visitado por ela no ano passado, à carne bovina.
Esses movimentos refletem o cenário atual da proteína animal. Levantamento da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) com base em dados do Ministério da Economia mostra que a receita das exportações do Brasil (somando bovinos, aves e suínos) para o Oriente Médio cresceu quase oito vezes na comparação de 2019 com 2000. No período, o faturamento com os embarques passou de US$ 362 milhões para US$ 3,25 bilhões. A União Europeia, que era o maior importador, caiu para a última posição, entre os destinos considerados (Ásia, Oriente Médio, Américas e União Europeia).
— O crescimento da participação de Ásia e Oriente Médio se dá principalmente no mercado de carnes. Existem dois fatores que explicam. Eles estão começando a comprar produtos que antes não consumiam. E isso foi possível com a melhora da renda per capita — explica Danielle Guimarães, economista da Farsul.
O Oriente Médio é um dos principais destinos da carne de frango (tem fatia de 34,5% dos embarques). São os maiores compradores de ovos, com 64,1% do total.
— O Brasil é o maior exportador mundial de frango halal (sistema de produção específico que atende às regras islâmicas) — reforça Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A entidade quer reforçar parcerias e observa que a carne suína começa a ganhar espaço em razão dos turistas que visitam a região — pela população local, esse tipo de proteína não é consumido por questões religiosas.
— É um mercado indispensável. Hoje, 40% da carne bovina brasileira é importada por países árabes — reforça Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).