Uma resolução do Tesouro Nacional com a suplementação de R$ 925,01 milhões publicada no Diário Oficial da União voltou a dar vida ao Plano Safra vigente. As linhas do pacote de crédito rural estavam temporariamente suspensas em razão da falta de dinheiro para a subvenção (como a equalização de juro) por parte do governo federal. E a medida vem como uma das ações solicitadas por produtores gaúchos com perdas pela estiagem. E qual a relação entre as duas coisas?
O recurso que foi acrescentado está longe de cobrir o buraco aberto no Plano Safra que vai até 3o de junho — que é estimado em R$ 2,9 bilhões —, mas permite que voltem a ser buscados recursos para custeio, linhas que servem para a formação da lavoura. E é aí que as duas questões se "conversam". Com prejuízos acumulado no verão, os produtores miram no ciclo de inverno, tentando recuperar parte desse impacto. E para produzir essa nova safra, precisam do crédito. Para que os financiamentos possam voltar a ser encaminhados, é necessária a comunicação aos bancos que operam linhas de custeio do Plano Safra — uma questão burocrática, apenas.
— É muito importante, tanto que estava na nossa pauta. Os agricultores precisam fazer a safra de inverno e também as pastagens, do custeio pecuário. Estamos no aguardo da outra resolução, dando os descontos para financiamentos sem cobertura de Proagro (seguro para perdas) — avalia Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Outro pedido encaminhado foi para a subvenção para o programa de vendas em balcão de milho, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
— Esse recurso (da resolução) coloca março de novo no Plano Safra — completa Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A entidade tem marcada para esta quinta-feira (24) uma reunião, na sua sede, com outras representações do setor (Fecoagro-RS, Fetag-RS, Federarroz-RS e Aprosoja-RS). Também foram convidados a participar o governador Eduardo Leite e a bancada gaúcha no Congresso e os parlamentares da Assembleia Legislativa. No encontro, serão apresentados dados que vêm sendo levantados sobre o impacto dessa estiagem sobre a economia gaúcha.
— Estamos com a colheita muito reduzida. Esse é um dos piores anos. Fomos do céu o inferno em um ano — pontou o presidente da entidade, Gedeão Pereira, na terça-feira (22), durante a divulgação dos resultados do Ensaio de Cultivares de Trigo da safra 2021.