Com uma fatia importante da safra de soja do Estado, as cooperativas agropecuárias contabilizam perdas médias superiores a 60% na cultura da soja. Nesse retrato, a colheita gaúcha cairia para 8,5 milhões de toneladas. Com a ressalva dos avanços de área e produtividade, seria o menor volume desde o ciclo 2011/2012, quando outra estiagem fez a produção encolher para 6,53 milhões de toneladas segundo dados da Conab. Com um detalhe: havia 2,15 milhões de hectares a menos cultivados.
A atualização das perdas aparece em levantamento da Rede Técnica de Cooperativas (RTC/CCGL), feito entre os dias 14 e 16, com 21 cooperativas. Os 63% de diminuição em relação à expectativa inicial são uma média ponderada. Há regiões em que os prejuízos são de mais de 80%, com produtividades inferiores a 10 sacas por hectare – a projeção inicial do segmento era de 60,2 sacas. E representam uma ampliação em relação ao mês passado, quando o recuo era estimado em 48%.
Gerente de pesquisa da CCGL, Geomar Corassa explica que os efeitos da falta de chuva ocorreram em diferentes etapas. Há pontos em que não foi possível sequer fazer o plantio. Na etapa de estabelecimento da planta, houve problemas como a baixa densidade por hectare e cultivos fora do período ideal, onde o potencial produtivo fica limitado. Nas plantações estabelecidas, a combinação de tempo seco e temperaturas elevadas levaram ao abortamento de flores e vagens e à paralisação do desenvolvimento da planta.
Com mais de 85% das lavouras entrando na floração e enchimento de grão, neste momento, a água se torna ainda mais crucial para evitar que os danos cresçam.
– É o período de maior demanda hídrica da cultura – reforça Corassa.