A confirmação da China de que irá retomar as compras de carne bovina brasileira coloca um ponto final em uma (longa) espera de três meses. Nesse período em que os negócios estiveram suspensos, o Brasil teve um impacto importante em suas exportações da proteína. Foram 190 mil toneladas e mais de US$ 1 bilhão perdidos. Uma fatia importante, mas que vai além. Foram mais de 90 dias sem poder chegar ao principal destino.
Agora, a recuperação virá mas, importante frisar, não será automática. É preciso saber quais serão as condições, se novas ou não.
— Deve ter novas negociações de preços, de volumes entre exportadores e importadores da China. E isso ainda deve levar algum tempo. Então, as expectativas, claro, são boas mas, por enquanto, não podemos afirmar nenhum efeito concreto e imediato. Acredito que em curto espaço de tempo as coisas devam se alinhar e voltar a uma condição que era muito importante, tanto para o Rio Grande do Sul quanto para o Brasil — pondera Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do RS.
Coordenador do Nespro/UFRGS, Júlio Barcellos também avalia a retomada como uma notícia excelente, que deve ajudar na recuperação do preço ao produtor. Com a ressalva de que o efeito vem com o tempo. Na largada, deverão ser priorizados os frigoríficos do Centro-Oeste, mais impactados pela ausência chinesa.
— As escalas de abate no RS já estão confirmadas até o final do ano, portanto, agora, os frigoríficos não irão às compras com muita sede — projeta Barcellos.
O Rio Grande do Sul tem três frigoríficos, todos da Marfrig, aptos para vender à China. A fatia do Estado no total do Brasil é pequena, mas a retomada faz todos a diferença para a as unidades habilitadas.
A suspensão das exportações foi determinada, seguindo protocolos entre Brasil e China, em 4 de setembro após a comunicação de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (conhecida popularmente como mal da vaca louca).