Entre os itens recorrentes nas avaliações e projeções feitas por entidades de representação do agronegócio, a preocupação com oferta, demanda e produção de fertilizantes é um deles. Pela incerteza quanto ao abastecimento, pela grande dependência de fornecedores externos e, por consequência, pelo peso que tem tido sobre os custos de produção. Mais de 90% do potássio solúvel, por exemplo, é importado. No caso do fósforo, é de cerca de 80%.
O governo federal criou no início de 2021 um grupo de trabalho interministerial para elaborar uma proposta para o Plano Nacional de Fertilizantes. A ideia é de que possa ser lançado ainda neste mês, com o foco de reduzir a necessidade de importação. Conforme o Ministério da Agricultura, que integra o grupo, também deverá trazer um diagnóstico sobre a oferta de fertilizantes no país.
– O Brasil não está parado, está buscando alternativas até dentro de casa – ponderou João Martins presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no balanço da entidade.
A busca de opções internas foi o fio condutor de uma pesquisa feita no Rio Grande do Sul pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). O estudo, conduzido ao longo de quatro anos acaba de ter os resultados divulgados. E aponta uma alternativa que vem de pedreiras na metade norte do Estado, “literalmente do lado das lavouras”, pontua Magda Bergmann, pesquisadora em geociências do SGB-CPRM.
Os resíduos gerados têm potencial para ser utilizados na reposição de minerais do solo.
– Não é substituição, é alternativa – observa Magda.
Os remineralizadores são considerados uma opção ou complementação aos fertilizantes tradicionais, que são o NPK, o nitrogênio, o potássio e o fósforo.
A pesquisadora explica que, para a aplicabilidade agrícola, a rocha tem de ter nutrientes, minerais capazes de reagir em solo e precisa de comprovação da eficiência agronômica.
Hoje, o descarte de mineração voltada para o setor de agregados da construção (areia de brita e brita) é utilizado, por exemplo, na formulação da massa asfáltica. O uso na produção agrícola seria uma outra possibilidade.
A pesquisa traz subsídios do cenário verificado na Metade Norte, que poderão servir para a elaboração das políticas públicas do setor.