Parece uma reprise do final de 2020. Prognósticos climáticos apontam mais de 70% de probabilidade de o La Niña dar as caras no Estado neste trimestre, podendo permanecer até o próximo verão, reporta o boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado (Copaaergs). Como um dos efeitos possíveis é a escassez de chuva, a chance de que o fenômeno influencie o tempo deixa em alerta o setor, pelo risco inerente de perdas.
A previsão indica redução de chuva e aumento da temperatura diurna já a partir da segunda quinzena deste mês. Em novembro, também pode haver diminuição das precipitações, com noites mais frias e dias mais quentes, o que, conforme o Coopaergs, é padrão característico de períodos secos. Em dezembro, projeta-se um regime mais próximo da média.
- Independentemente de ter La Niña de fato ou de continuar em uma neutralidade com viés negativo, as previsões da maioria dos modelos são de precipitações abaixo da média para o período. Outubro ainda está sendo chuvoso, mas principalmente novembro e dezembro deverão ser de intervalos de tempo seco maiores - pontua a meteorologista Jossana Cera, consultora do Irga.
Outra observação é a de que, se ocorrer, o La Niña deva ser de intensidade fraca e duração curta. De toda forma, a perspectiva do fenômeno traz estado de atenção.
- É um cenário que preocupa, ainda mais quando se vem de anos com previsões do fenômeno. Há um risco, sim - observa Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.
O final do ano contempla uma fase de desenvolvimento crucial para as lavouras de milho plantadas no início do calendário, em que a umidade não pode faltar. Foi a ausência de chuva nessa fase que causou, no ano passado, prejuízos à cultura. No ciclo 20/21, houve um La Niña moderado.
O milho tem um período de 20 dias na floração que precisa de umidade. Sem essa condição, pode ter danos irreversíveis. Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas do Estado (Fecoagro) observa que as lavouras do grão vêm tendo um bom desenvolvimento:
- A preocupação é a de que o produtor faça seguro, mesmo que esteja muito caro.
No cenário atual, com custos de produção inflacionados na casa de dois dígitos, perder a colheita não é uma opção, acrescenta o dirigente.