A 44ª Expointer, que chega ao fim neste domingo (12), não tem na cifra dos negócios o seu grande destaque. E nem se esperava que tivesse. Diante do quadro de pandemia que persiste, é preciso dar um passo de cada vez. Como o de abrir os portões do parque Assis Brasil, em Esteio, aos visitantes, ainda que com uma limitação diária de 15 mil pessoas.
É essa a grande conquista que apontam os organizadores em suas avaliações: foi a exposição da retomada. Que passa pela economia, mas vai além disso — até porque o agronegócio seguiu trabalhando a pleno.
— Tem um simbolismo especial, porque é o primeiro evento em que poder público e iniciativa privada se unem. A sociedade gaúcha demonstra preocupação com a retomada econômica o mais rápido possível. A importância da feira mostra a relevância dada ao setor no Estado — avaliou Eduardo Condorelli, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado (Senar-RS).
Coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura (Farsul), Francisco Schardong pontuou que foi um evento diferente para a pecuária, setor que está na origem da exposição. Zona livre de aftosa sem vacinação, o Rio Grande do Sul atraiu criadores de Santa Catarina, que tinham deixado de marcar presença por conta das restrições no trânsito dos animais pela diferença de status sanitário. As vendas no período da Expointer ficaram bem aquém do habitual, somando menos de R$ 1 milhão. O que está longe de representar falta de interesse ou mercado aquecido.
— Considero que foi um sucesso por esse aspecto da retomada do convívio — ressaltou.
Situação semelhante à do setor de máquinas, sempre o grande motor de vendas e que chegou ao final com R$ 1,42 bilhão. É um valor pequeno ante o potencial — e a demanda existente por parte do produtor —, mas do tamanho possível para esta edição, representando 44,05% a menos do que em 2019. A participação somou 85 empresas, mas também houve a ausência de grandes marcas, que optaram por não ir a Esteio — a exceção foi a John Deere.
— O mercado está muito comprador. E como não tem entrega de máquinas, o produtor está se preparando para entrar na fila para conseguir receber. Foi a primeira feira do Brasil (depois do advento da pandemia), vai abrir um leque bem grande — diz Claudio Bier, presidente do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers), ao avaliar a cifra da Expointer, que superou as projeções iniciais.
E no quesito político, a feira não ficou para trás. Recebeu parlamentares, ministros (do Brasil e do Uruguai), o governador Eduardo Leite e a cúpula do Piratini, além do vice-presidente Hamilton Mourão e do presidente Jair Bolsonaro que, no sábado (11), repetiu o furor que havia causado enquanto candidato em 2018.