A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A produção gaúcha de tabaco na safra 2020/2021 cresceu 16,4%, passando de 243,4 mil toneladas para 283,4 mil toneladas. O dado positivo se refletiu também em produtividade, com avanço de 20%: de 1.919 quilos para 2.302 quilos por hectare. Os dados finais da safra foram divulgados pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
O clima, segundo o tesoureiro da Afubra, Marcilio Drescher, foi fator determinante para o resultado, garantindo uma produção mais equilibrada. No ciclo anterior, o excesso de chuva durante o desenvolvimento da planta entre outubro e novembro reduziu a base de comparação.
— O clima nessa última safra foi mais favorável, com menos chuva que o ano anterior. Isso fez a produtividade ficar mais perto do normal — explica Drescher.
O Rio Grande do Sul responde por 45% da colheita brasileira, que fica concentrada nos três Estados da região Sul. No entanto, a área gaúcha plantada recuou 2,9% (de 126,8 mil hectares para 123,1 mil hectares) nesta safra. Drescher explica que a diminuição de mão de obra disponível e a questão do próprio preço, que tem sido mais achatado, levam os produtores a plantarem outras culturas.
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, os produtores estão insatisfeitos com a política de compra das empresas. Por isso, o cultivo no Estado, que é concentrado em pequenas propriedades, tende a reduzir ainda mais. No ano passado, cerca de 63 mil produtores plantavam tabaco no RS.
— Era uma cultura que trazia boa rentabilidade na pequena propriedade, o que está caindo nos últimos anos — diz Joel.
Para o ciclo 2021/2022, a projeção é de que a área plantada mantenha a tendência de redução e caia 10% nos três Estados. Os números finais, no entanto, só serão conhecidos ao final do plantio, em outubro.
Em relação ao preço médio praticado, houve uma elevação de 21,7% no Rio Grande do Sul, de R$ 8,73 para R$ 10,62. A alta, embora pareça considerável, parte de um patamar de preços baixos praticados no ciclo anterior.