Estratégia na busca por melhores resultados nas lavouras e mais renda no bolso, a dobradinha arroz e soja — que ganhou a companhia das pastagens no inverno — se torna ainda uma importante ferramenta da gestão de custos da safra 2021/2022. O produtor já percebeu, e os números confirmam, que o desembolso a ser feito neste ciclo é um ponto de atenção. E motiva a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) a orientar a rotação de culturas. A entidade projeta gastos entre 10% e 30% maiores do que os da última safra.
— Nesses números, estamos falando em média. Cada produtor tem de fazer o seu custo — reforça Alexandre Velho, presidente da Federarroz.
Depois de alcançar um pico histórico em 2020, o preço do arroz ficou mais estável e tem girado na casa de R$ 70. Nos últimos dias, é possível verificar uma reação do mercado. Nesta terça-feira (27), a saca de arroz fechou com cotação de R$ 74,99, segundo o indicador Esalq/Senar-RS.
A título de comparação, já que reflete o quadro da produção passada, o custo em 2020/2021, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), foi de R$ 72,73.
— O valor de agora (da saca de arroz) remunera em relação ao custo 20/21. Daqui para frente, temos a certeza desse aumento (de despesas), mas não de quanto vamos trabalhar com o preço do arroz. O alerta que se acende é esse: custo altíssimo agora para preços lá na frente que ainda não se sabe quais serão — pontua João Batista Gomes, diretor comercial do Irga.
Ele reforça a observação de que "um produtor tem custo diferente do outro" e explica que a planilha de gastos levantada pelo instituto é bastante elaborada — foi divulgada no mês passado, quando a colheita estava encerrada. Para já dar uma sinalização ao produtor sobre o ciclo 21/22, uma planilha com despesas parciais está sendo elaborada e deve ser divulgada em breve. No próximo mês, também já deve ser feito um levantamento da intenção de plantio no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz.
Em uma década, o cultivo de soja em rotação com o arroz triplicou no Estado. Na safra passada, alcançou 370,6 mil hectares, em uma área de arroz de 945,97 mil hectares. Parceria que tem ajudado a impulsionar rendimentos: a produtividade foi de recordes 9.010 quilos por hectare.
— Não existe mais arroz sobre arroz. A produtividade vem aumentando pela rotação com soja e pela cobertura vegetal de inverno. Tem um campo grande para crescer a área de pastagem em rotação com arroz-soja — avalia o presidente da Federarroz.
Tanto a parceria de verão quanto a de inverno ajuda a melhorar o rendimento por hectare. Áreas com cultivo de soja intercalado com o de arroz costumam render de cinco a 10 sacas a mais. E, no caso das pastagens de inverno (aveia, azevém e trevo persa, por exemplo) também há ganhos. O trevo persa amplia de 1 a 1,5 toneladas a produtividade.
Há ainda os benefícios agronômicos, como o controle de plantas invasoras e a melhora da fertilidade do solo. Aspectos que também impactam as contas.
— O produtor fez um preparo de solo e trabalha uma lavoura de soja, uma "de carne" (com a colocação do gado na pastagem de inverno) e uma de arroz — completa o diretor comercial do Irga.