O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Com mais da metade da área de arroz colhida no Rio Grande do Sul, o cenário de preços firmes e rendimento elevado das lavouras reforça o otimismo dos produtores gaúchos em 2021. A frustração vista em temporadas passadas, motivada principalmente pela relação desfavorável entre custo produtivo e remuneração, ficou para trás. O cereal está sendo retirado do campo com o maior patamar de cotação já verificado para o período de colheita.
De acordo com o indicador Esalq/Senar-RS do arroz em casca, a saca de 50 quilos estava cotada a R$ 87,14 em 1 de abril. O valor fica distante do recorde nominal de R$ 106,34, verificado em outubro de 2020, durante a entressafra. No entanto, a valorização é de 67% frente a igual período do ano passado. Mesmo com a perspectiva de ampliação da oferta do produto no mercado, a cotação tem se mantido firme na faixa entre R$ 85 e R$ 90 nas últimas semanas.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, ressalta que o movimento ratifica a projeção inicial de que o arroz gaúcho chegou a um novo patamar de preços e dificilmente terá grande desvalorização. Com o dólar na faixa de R$ 5,70 e a demanda ainda aquecida por exportações, a avaliação é de que o alimento seguirá com preços favoráveis ao produtor.
Além do fator preço, a produtividade das lavouras tem sido a boa surpresa desta safra. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), com 56% da colheita concluída, o rendimento médio é de 8,9 mil quilos por hectare. O resultado supera o recorde de 2020, de 8,4 mil quilos por hectare. Durante a semeadura, a expectativa ficava ao redor de 8 mil quilos por hectare.
– Durante o período reprodutivo do arroz tivemos dias de alta luminosidade, o que favoreceu o desenvolvimento das lavouras. É possível um novo recorde de produtividade, mas acredito que ficaremos em um número parecido com o do ano passado. O que já nos surpreende – destaca Velho.
As lavouras ainda por colher costumam ter menor produtividade e, assim, derrubam a média geral do Estado. Por isso, técnicos do Irga são cautelosos e salientam que o rendimento atual irá cair, ainda que não projetem quanto.