Com metade dos 16 frigoríficos habilitados para vender à China, o Rio Grande do Sul tem conseguido alcançar patamares históricos nos embarques de carne suína. Fechou março com 28,9 mil toneladas exportadas, o maior volume mensal da história. Marca que se repetiu no cenário nacional: as 109,2 mil toneladas enviadas pelo Brasil para os mercados externos são recorde mensal, aponta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Mas é olhando para a grama dos vizinhos catarinenses, que exportaram 55,71 mil toneladas em março, que se tem ideia do quanto o Estado tem espaço para crescer com o recebimento da certificação de zona livre de aftosa sem vacinação. O reconhecimento é aguardado para maio.
— Além da equivalência carcaça, poderão ser exportados miúdos — observa Rogério Kerber diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips) sobre a vantagem esperada com o novo status.
Pelas contas do setor, "feitas e refeitas", o RS poderia ter um acréscimo — em um cenário considerado conservador — de 4 mil toneladas por mês somente para a China com a nova condição. O cálculo leva em consideração o volume de animais abatidos e de carne produzida mensalmente pelas oito unidades credenciadas para venda ao país asiático.
Sobre o desempenho atual, Kerber explica que reflete, entre outras coisas, a retomada das exportações para a China de duas plantas localizadas no Estado. O pais asiático segue como principal destino da carne suína produzido no Brasil: foi destino de 64,6% do total embarcado em março.
O resultado inicial também alimenta a expectativa de que se possa chegar ao final do ano com uma nova marca de exportação, observa Ricardo Santin, presidente da ABPA. Em 2020, o país rompeu, pela primeira vez, a marca de 1 milhão de toneladas embarcadas.
E o mercado interno?
Invariavelmente, quando se fala sobre exportações, surge a dúvida e a preocupação com abastecimento no mercado interno. Kerber assegura que não falta produto, pelo contrário:
— Nas empresas que não trabalham com exportação, já não há mais espaço para armazenar nas plantas. Estão alugando espaços fora delas. Porque o mercado está travado.
Além da redução habitual de consumo dessa proteína no primeiro trimestre, em 2021, há o peso do desemprego alto e da renda comprometida, observa o dirigente. Isso em um cenário de custos em alta, puxados pelo milho.