Identificadas as espécies de gafanhotos que apareceram no noroeste do Rio Grande do Sul, balanço parcial indica 17 focos em seis municípios da região (veja mapa). Levantamento a campo de três equipes da Secretaria da Agricultura, no período de 30 de novembro a 2 de dezembro, contabiliza, no total, 25 pontos monitorados — em sete não houve incidência. Do total vistoriado, 4,74 mil hectares, o maior percentual é de mata nativa (58,26%), com áreas de lavouras de soja, milho e resteva de culturas de inverno respondendo por 41,74%. Considerando o total da área vistoriada, a incidência média foi de 58,26% e a intensidade de desfolha, de 0,34%.
Os danos causados em lavouras não são considerados expressivos até o momento. Os pontos de maior ocorrência foram os que ficam mais próximos de mata nativa, onde também há maior concentração de gafanhotos. Nesses locais, as perdas foliares somaram 10%. Mais no interior das plantações, cai para menos de 5%.
De origem endêmica, os gafanhotos podem ter tido o desenvolvimento favorecido pelas condições de tempo quente e seco. Como há previsão de influência do fenômeno La Niña, que tem como efeitos estiagem e altas temperaturas, a secretaria não descarta a possibilidade de agravamento da infestação. Outros surtos naquela e em outras regiões também poderão aparecer. É por isso que o monitoramento segue. Havendo necessidade, medidas de controle poderão ser adotadas.
As duas espécies identificadas, Zoniopoda iheringi e Chromacris speciosa, são da família Romaleidae, que tem como características hábitos não migratórios. Isso faz a pasta descartar a relação com as nuvens de gafanhotos migratórios sul-americanos ( (Schistocerca cancellata), pertencentes à outra família, a Acridae. Surtos verificados na Argentina em junho fizeram com quem fosse adotada emergência fitossanitária.
Tipos identificados
Quais as características das duas espécies identificadas no RS:
Zoniopoda iheringi
- De coloração esverdeada, tem antenas amarelas e a terminação das pernas avermelhada. Alimenta-se só de plantas e anda em bandos. A fêmea é sempre maior do que o macho, medindo entre 3,5 a 4 centímetros.
Chromacris speciosa
- Os adultos são chamados de brasileirinhos, pela coloração verde e amarela. As fêmeas também são maiores do que os machos. No Estado, foram encontradas ninfas (foto ao lado), que têm coloração preta com manchas vermelhas.