O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Se no país o preço do boi gordo teve leve recuo nos últimos dias, após a arroba alcançar o recorde de R$ 292, no Estado a cotação segue ganhando fôlego. Levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), indica que o preço médio do quilo vivo do animal chegou a R$ 8,59 nesta semana.
O valor renovou recorde na série histórica iniciada em 2014. Além disso, representa elevação de 19% no ano e de 32% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mesmo com Estado em um período considerado de safra, a tendência é de que a cotação siga em ascensão por mais tempo. O coordenador do Nespro, Júlio Barcellos, vê espaço para o preço chegar entre R$ 11 e R$ 12 até o final do ano.
A demanda por carne bovina aquecida no país, na carona dos pedidos da China, e a oferta de gado reduzida no Centro-Oeste, que passa por entressafra, fez com que os frigoríficos viessem às compras no Estado. Isso ajuda a explicar o movimento atípico de alta no preço do boi gaúcho nesta época do ano.
– Esse pico nos valores mostra que há escassez de boi gordo no Rio Grande do Sul. Tem saído muito gado do Estado – constata Barcellos.
No primeiro semestre de 2021, o mercado tende a seguir aquecido, segundo o pesquisador.
Com preços atrativos, o pecuarista gaúcho também vem procurando reter mais as fêmeas. O quilo vivo da vaca gorda nesta semana atingiu, em média, R$ 7,61. O valor também é recorde na série de dados do Nespro.
Em meio a esse contexto, Barcellos salienta que o consumidor pode se deparar com novos reajustes nos preços da carne bovina nas gôndolas do varejo. O pesquisador vê espaço para aumento entre 5% e 7% na reta final do ano.