O período é de entressafra, é verdade, mas com soja cotada a R$ 155 no porto de Rio Grande, a principal explicação para o recuo expressivo nas exportações do grão no terminal gaúcho é: não há produto disponível. Em setembro, o volume despachado foi de 459,71 mil toneladas, quase 60% menos do que no mês anterior.
No acumulado até setembro, a redução nos embarques chegava a 1,9% – com 9,48 milhões de toneladas –, e a estimativa é de que o ano termine com movimentação inferior à de 2019. Apesar de haver demanda e de os preços estarem valorizados em reais.
— Agora, a conta da estiagem está chegando — observa Fernando Estima, superintendente do porto.
A falta de chuva na safra passada encolheu em 43,4% a produção de soja no Estado. Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz reforça que os picos de embarques, como em maio, com 1,77 milhão de toneladas, estavam relacionados ao estoque. No momento, o grão que existe não está disponível:
— Vamos até a próxima safra apenas cumprindo contrato.
Nos terminais de grãos Termasa-Tergrasa, em Rio Grande, setembro e outubro foram meses de “movimentação mínima”, relata Guillermo Dawson, diretor-superintendente do Grupo CCGL, que opera as duas estruturas.
— Só deveremos ter movimentação de soja em grãos em fevereiro, março de 2021 — completa o executivo.
O que começa a ganhar espaço agora é o trigo destinado à exportação. A estimativa é de que sejam entre 800 mil e 1 milhão de toneladas até fevereiro do próximo ano.
Com novo calado, de 15 metros, o porto de Rio Grande ganhou maior envergadura para a próxima colheita.
A habilitação para receber navios maiores e para carregá-los com volumes ampliados – estima-se movimentação até 10% superior – traz a perspectiva de que custos menores para quem compra o produto do Rio Grande do Sul.
Cenário esse que abre também a possibilidade de maior repasse ao produtor e que reidratou investimentos, como os R$ 700 milhões previstos para a ampliação da capacidade no Termasa.
A preparação logística é para fazer frente à demanda. Que depende também dos resultados no campo.