Não foi exatamente o tamanho da queda no valor pago ao produtor, mas a combinação com a alta nos custos de produção que fez transbordar a preocupação do setor leiteiro no Estado. E fez Conseleite, Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) encaminharem algumas solicitações para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O documento, assinado pelas três entidades, sugere duas frentes, com a adoção de mecanismos de políticas públicas para tentar diluir as dificuldades enfrentadas.
Uma delas para a compra de produtos, evitando o excesso de oferta, um dos fatores que derruba preços. A outra, já mirando 2021, para reduzir gastos despendidos na atividade. Entram na primeira lista as Aquisições do Governo Federal (AGF), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Compra Direta da Agricultura Familiar.
Em relação às despesas, que cresceram na casa de dois dígitos com a valorização de milho e soja, o pedido é por leilões (PEP e Pepro) para aumentar a oferta nas regiões produtoras de ração. Seria a partir de fevereiro de 2021, quando haverá colheita da nova safra em curso.
— No início do ano teve a estiagem, depois entrou a pandemia, agora estamos vivendo de novo falta de chuva. Há uma série de fatores que impactaram o custo do produtor – reforça Rodrigo Rizzo, presidente do Conseleite.
O tempo seco traz duplo prejuízo: reduz quantidade e/ou qualidade de milho silagem e afeta o plantio de pastagens de verão, ambos usados na alimentação do gado. Sem isso, é preciso suplementar com ração, que ficou mais cara em razão valorização dos grãos.
Em outubro, o valor de referência do litro de leite pago ao produtor estimado pelo Conseleite (R$ 1,5482) representou queda de 5,18% sobre o consolidado de setembro. O custo médio, observa Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, registrou alta de até 25% ao longo do ano de acordo com o último dado levantado. Depois disso, aumentou mais:
— Encurtou a margem para o produtor. E o consumo costuma cair a partir de final de dezembro, nos meses de férias.
Outra questão que preocupa são as importações. Em outubro, as compras brasileiras de leite cresceram 156% sobre igual mês de 2019.