Sem sinal de refresco no curto prazo para os custos de produção, a certeza que fica, neste momento, é de que as ceias de Natal e Ano-Novo ficarão mais caras. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta aumento dos produtos colocados à mesa nas festas entre 10% e 20%, conforme a capacidade de cada indústria.
– São cenários que vão acontecer, em maior ou menor escala. Cada um terá certo nível de custo. Porque mesmo quem conseguiu comprar milho barato, terá de repor – observa Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos lembra que as aves natalinas têm um consumo de ração ainda maior do que as tradicionais, o que amplia os gastos com insumos como milho.
No Rio Grande do Sul, as empresas de aves decidiram reduzir em até 10% a produção, reajustando também preços, na tentativa de fazer frente à alta dos gastos, principalmente com a valorização dos grãos (soja e milho) usados na ração animal. Esse freio no volume de abates também vem sendo sinalizado por empresas de todo o país.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) mostram que o milho fechou outubro com o maior valor real da série histórica iniciada em 2004, com a saca a R$ 82. Só no mês passado, o aumento foi de 28,7%. A manutenção das cotações elevadas, segundo o relatório, é reflexo da demanda aquecida, do alto preço internacional e da variação cambial. Compradores do grão consultados pelos pesquisadores, especialmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul, relataram dificuldades em negociar grandes volumes.