Os números falam por si e não deixam dúvidas de que o agronegócio brasileiro fechará o ano com crescimento no mercado externo e um saldo favorável na balança comercial. De janeiro a setembro, as exportações do setor geraram receita de US$ 77,89 bilhões, 7,5% maior do que em relação ao mesmo período em 2019. Por outro lado, as importações ficaram em US$ 9,18 bilhões, redução de 10,7% em igual comparação. A participação nos embarques totais do país cresceu, chegando a 49,8%. Ou seja, quase metade de tudo que o Brasil vendeu foi de produtos agropecuários.
Nesse período, no entanto, aparecem algumas singularidades em itens que foram importados, em um reflexo já esperado da atual conjuntura. Chama a atenção, por exemplo, o crescimento nas compras de soja em grão. As 528 mil toneladas adquiridas são volume muito pequeno diante do exportado (79,2 milhões de toneladas), mas indicam aumento de 325% sobre o acumulado de 2019. E confirmam que, mesmo com uma safra recorde, o Brasil precisou buscar fora de casa parte do produto.
Há pelo menos dois pontos a serem considerados nessa equação: a redução de 43,4% na produção gaúcha, em razão da estiagem, que fez falta. E a variação cambial, que valorizou a patamares históricos o produto em reais ao mesmo tempo em que o deixou competitivo no mercado global.
Outro item que registra alta nas importações é o arroz. Em setembro, a quantidade trazida de fora cresceu 91,4% e a receita, 124,9% ante igual mês de 2019. Em relação ao mês anteior, o volume quase triplicou. Avanço esse que ainda não contabiliza a entrada da cota com tarifa zerada autorizada pelo governo até o final do ano. As primeiras cargas de países de fora do Mercosul (os do bloco já têm isenção da tarifa), como Estados Unidos, Guiana e Índia, devem começar a chegar ainda neste mês.
Depois de um período em baixa por conta da desvalorização do real frente ao dólar, que deixava a importação mais cara, os lácteos também fecharam setembro com aumento expressivo nas aquisições: 80% em volume e 77,3% em faturamento na comparação com igual mês de 2019. Só no leite em pó, houve avanço de 86,4% nas compras realizadas.