Números das exportações brasileiras de soja em agosto reforçaram a preocupação com a oferta da matéria-prima para atender a demanda do mercado interno. No mês passado, a coluna já havia pontuado essa inquietação. O grão é insumo para diversos produtos, do óleo de cozinha ao biocombustível. E, embora da colheita no país tenha sido recorde (120, 88 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento), o estoque é considerado justo.
— Todos os números indicam estoques bem apertados. Há um quadro inédito de pouquíssima, oferta de soja — pontua Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado.
Nesse cenário, as cotações em reais não param de subir e já há locais, no mercado interno, em que o valor da saca supera o da exportação. Situação que ocorre em pontos do Rio Grande do Sul, que teve a produção encolhida em mais de 40% pela estiagem. O que, sem dúvida, faz falta.
A estimativa da Safras & Mercado indica estoque final, em 31 de dezembro, de 961 mil toneladas de soja, incluindo as importações realizadas e considerando uma produção de 125,34 milhões de toneladas.
— Neste momento, o que segura a cotação, é a oferta restrita.
O câmbio ajudou na valorização, mas hoje não é o principal fator. Já exportamos quase tudo que era possível e ainda há demanda interna – avalia Roque.
O volume de soja processado no Brasil em 2020 será recorde. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) deve totalizar 44,6 milhões de toneladas, com produção de cerca de 9 milhões de toneladas de óleo de soja. A entidade aponta que não há limitação do produto no país.