A cada nova divulgação dos levantamentos de safra, os números reforçam a produção histórica que o Brasil alcançará na colheita de grãos. Há variação entre uma projeção e outra, mas não em relação ao recorde. O IBGE estima 247,4 milhões de toneladas, que representam 2,5% a mais do que na safra anterior e 0,6% a mais do que no dado apresentado em junho. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita na safra 2019/2020 é ainda maior: 251,4 milhões de toneladas, crescimento de de 3,9% sobre a anterior e de 0,34% na comparação com a projeção do mês passado.
O resultado é puxado pelas culturas de soja e de milho, as mais atingidas pela estiagem no Rio Grande do Sul. O país chegará a patamar inédito na soja, na casa das 120 milhões de toneladas. Na contramão dessa performance, o Estado viu o volume desse grão encolher: para a Conab, 43,4% na comparação com o ano passado; para o IBGE, 39,3%. Com preços valorizados e exportações em alta, perde, mais do que a terceira posição no ranking nacional (que deve ficar com Goiás), a chance de trazer rentabilidade ao setor e ganhos para a economia como um todo.
As esperança se voltam para a safra de inverno, com chance de recuperar o terreno perdido. Tanto que a projeção é de expansão na área cultivada, de 23% no levantamento da Conab, semelhante à previsão da Emater — que apontou 20,34%. O ponto de atenção vem do tempo.
O excesso de chuva atrapalha a finalização do plantio. Embora essa não seja a fase mais sensível à umidade, o cenário pode atrasar a janela estabelecida pelo Ministério da Agricultura para a semeadura.
— Ainda tem muita água para rolar na safra do trigo, mas a largada não está sendo boa. Neste momento, não tenho certeza nem da área, e nem o potencial produtivo — observa Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O período considerado decisivo para o trigo é o mês de setembro. Mas ainda faltam cerca de 100 mil hectares a serem semeados no Estado.
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