No ano em que colheu uma safra recorde, estimada em 120,88 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, o Brasil corre o risco de ficar com quantidade muito pequena ou até mesmo sem soja para atender à demanda do mercado interno. O cenário preocupa indústrias que têm no grão a matéria-prima. Alerta foi feito ao Ministério da Agricultura.
Na matemática da soja, assim como o volume colhido, o apetite do mercado externo, em especial da China, pela soja brasileira tem alcançado patamares históricos. No primeiro semestre de 2020, a quantidade embarcada cresceu 40% em relação a igual período do ano passado (veja gráfico). Negócios estimulados por cotações valorizadas pela variação cambial. Com a procura em alta, a oferta vai reduzindo.
– Obviamente defendemos o livre comércio e as exportações do grão. Mas o Brasil precisa ter estratégia, criar uma política de estoques regulatórios. O que não dá para admitir é que o maior produtor de soja tenha falta de grão – observa Erasmo Battistella, presidente da Associação de Produtores de Biocombustíveis do Brasil.
Na produção do setor, a matéria-prima deve ser nacional. O setor utilizava 20% do grão. A maior parte destina-se ao processamento do farelo de soja, um dos insumos, ao lado do milho, utilizado na alimentação de aves e suínos. No primeiro semestre, o esmagamento da indústria brasileira cresceu 6%.
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra diz que a situação “acendeu o sinal amarelo”. E acrescenta que empresas já trabalham com alternativas. Uma delas seria a de substituição desse por outros produtos, como os cereais de inverno.
No Rio Grande do Sul, onde a estiagem resultou em quebra de 43,4% na produção de soja, as contas são ainda mais justas. Há empresas considerando e outras já importando o grão de países do Mercosul, como a Argentina e o Paraguai.
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