Principal fatia do faturamento da Bayer no Brasil, a divisão agrícola tem, pela primeira vez, uma mulher no comando. A engenheira agrônoma paulista Malu Nachreiner, 41 anos, atua na companhia há 17. Avaliando a participação feminina como uma jornada, entende que houve evolução tanto nas empresas quanto no mercado:
– Hoje, de cada 10 propriedades, duas a três têm mulher na liderança. Já passa a ser um percentual representativo.
Em conversa com jornalistas, falou sobre esse e outros temas. Confira alguns trechos.
O agro no negócio
A divisão agrícola da Bayer no Brasil responde por 80% do faturamento da marca no país. Também é o principal negócio na América Latina, algo que não poderia ser diferente na avaliação de Malu, dada a relevância do setor na economia desses países. O peso percentual da área no resultado da Bayer poderá ficar ainda maior:
– Pelo impacto da pandemia, pode ser que o agro se torne ainda mais relevante porque foi um dos setores que seguiu operando, e com força total.
Deriva
O herbicida dicamba, desenvolvido para a terceira geração de soja transgênica (a Intacta 2 Xtend) ainda não entrou no circuito comercial brasileiro – a previsão é de isso ocorra na safra do próximo ano. Nos Estados Unidos, foi alvo de polêmica por conta de casos de deriva (dispersão para áreas em que não foi aplicado). E chegou a ter o registro suspenso. No Brasil, a empresa já modificou a fórmula para tentar evitar o problema.
A nova líder explica que trabalha com três pilares: acadêmicos e influenciadores técnicos, com os quais interage para melhoramento da tecnologia, produtores, para testes no campo, e treinamento da rede.
– Com isso, avaliamos que endereçamos muito da preocupação do agricultor brasileiro, entendendo que são realidades completamente diferentes.
Consumidor na conversa
A dificuldade de traduzir o tema da biotecnologia e de conversar com o consumidor é reconhecida. Questionada sobre o assunto, Malu observou:
– Essa é a grande oportunidade que temos como setor. A gente se comunica muito mal. O consumidor está cada dia mais consciente, e é peça fundamental.
Considerando esse um momento oportuno, diz que é preciso trazer o setor à conversa:
– Vejo um tema muito polarizado hoje. É aquela história, ou eu produzo alimentos, ou eu acabo com ambiente. Não, não é assim.