O direcionamento da produção brasileira de proteína animal para a Ásia – especialmente à China – por si só é um quebra-cabeça logístico, para garantir fluxo aos contêineres refrigerados, usados para esse tipo de carga. Com a pandemia o desafio ficou ainda maior. Uma das gigantes empresas globais do segmento, a Maersk fez adaptações para conseguir cumprir contratos.
Em fevereiro, no auge da disseminação do vírus na China, a empresa chegou a contratar um navio para manter ligados os contêineres diante da paralisia não só no porto, mas também nas rodovias do país asiático.
– O contêiner chegava, mas não conseguia descarregar. Além do navio, também tivemos de desviar rotas – conta Jean Stoll, diretor global de Proteína da Maersk.
Outros recursos, como parcerias com frigoríficos locais – para estocar os produtos – e leasing de navios para retorno foram usados.
– Toda nossa malha logística foi revisada (a Maersk tem no portfólio os modais rodoviários e ferroviários). Até agora estamos com a situação sob controle. Mas evidentemente que o desafio continua – acrescenta Gustavo Paschoa, diretor comercial no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Outro efeito da pandemia é que os contêineres estão ficando mais tempo com o cliente (entre pegar, levar ao depósito, estufar e retornar ao porto). Em média, eram 13 dias. Hoje, são pelo menos cinco dias a mais.
A inspeção feita no destino final também ficou mais demorada: em torno de sete dias, quando o normal são dois a três dias.