Apesar do avanço do número de casos de coronavírus no mundo — e com a origem da epidemia na China, principal cliente do agronegócio brasileiro —, os efeitos ao setor são considerados pequenos. Neste momento, afetam principalmente a indústria de carnes, com demora além da habitual no despacho das cargas no território chinês.
Tanto a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) quanto o Tecon, terminal de contêineres do porto de Rio Grande, relatam que, neste mês, operadoras cancelaram escalas em alguns portos do país asiático, desviando para outros que estavam recebendo cargas. Só então as mercadorias eram enviadas ao destino final.
Esse desvio de rota também encareceu a logística, com a cobrança de taxa de congestionamento de mil dólares por contêiner. Mais à frente, no entanto, há projeção de impacto maior atracando no terminal de contêineres do porto gaúcho.
— Teremos reflexo no final de março, início de abril. É quando devem voltar ao Rio Grande do Sul contêineres que estão na China. Os navios chegam lá e não conseguem operar ou carregam só metade. Isso significa menos carga chegando aqui — explica Renê Wlach, diretor comercial do Tecon.
Via de regra, no retorno a Rio Grande, os contêineres costumam trazer insumos para outros segmentos. Com menos recipientes chegando, porém, pode haver restrição na hora de embarcar proteína animal processada no RS, reduzindo o volume exportado.
— Não temos relato de nenhuma empresa que tenha deixado de fechar negócio. O que tem, sim, é receio de que comece a faltar contêiner — pondera Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Por mês, o Brasil envia, segundo o dirigente, 3 mil contêineres só de carne de frango. No Tecon, em Rio Grande, segundo Wlach, é embarcada aproximadamente de 90% da produção gaúcha de carne suína e de frango.
Santin afirma que a ABPA se mantém atenta à situação que, no entanto, não é considerada grave no momento. Ele entende que haverá esforço da própria China para que as entregas sejam normalizadas.